JORNAL DE LONDRINA
Sem pagar pelo Samu
Os dois municípios que gerem o serviço pediram até ajuda ao Ministério Público (MP) para receber o dinheiro das prefeituras em débito
- Marcelo Frazão
- marcelof@jornaldelondrina.com.br
As prefeituras de Londrina e de Rolândia cobram de 17 municípios da
região um montante de R$ 11 milhões, acumulado desde 2012, pelas
despesas derivadas do uso compartilhado do Sistema Médico de Urgência
(Samu).
Quando a Central de Atendimento do 192 recebe um pedido de resgate
de qualquer cidade da região, as bases do Samu de Londrina e de Rolândia
avaliam se o caso é grave e, caso seja, acionam ambulâncias avançadas –
equipadas com respirador, desfibrilador e medicamentos, além de um
médico e de um enfermeiro. Por mês, são realizados mais de 1,3 mil
atendimentos.
Ao mesmo tempo, a central, localizada em Londrina, controla as
vagas disponíveis nos hospitais da região, onde os pacientes devem ser
internados, se necessário.
O Samu atende mulheres grávidas em trabalho de parto, pessoas com
problemas psiquiátricos em surto e vítimas de convulsões, ataques
cardíacos, síncopes e mal súbito.
Acordo
Pelo acordo que criou o Samu regional, Londrina e Rolândia se
responsabilizam pela gestão do serviço; pela remuneração de médicos,
enfermeiros e motoristas; e pelos gastos com combustível e com as
manutenções das ambulâncias e da central. Tudo isso a partir de uma
remuneração mensal dos 21 municípios atendidos.
Além de Londrina e Rolândia, apenas Tamarana e Cambé cumprem
acordo. Embora tenham dívidas, estas duas últimas cidades negociaram com
as bases do serviço.
Cada uma das prefeituras deve pagar exatos R$ 0,51 por habitante a
cada mês para se integrar à rede. Desde 2012, porém, quando o serviço
foi inaugurado na região, as dívidas somam R$ 11 milhões – R$ 6 milhões
para Londrina e R$ 5 milhões para Rolândia.
Ministério Público
Para tentar receber os atrasados e negociar o futuro, Londrina e
Rolândia pediram ajuda ao Centro Operacional das Promotorias (Caop) da
Saúde, em Curitiba. De acordo com o Ministério Público (MP), a
expectativa é de que as prefeituras sejam chamadas à responsabilidade,
pagando as dívidas de forma espontânea ou mediante a assinatura de
Termos de Ajuste de Conduta (TAC).
“Visitamos todos os municípios e enviamos ofícios às prefeituras
que nos devem. O Ministério da Saúde tem questionado a Prefeitura de
Londrina sobre os motivos pelos quais assumimos despesas que, na
verdade, são de outras cidades”, lamentou o secretário de Saúde de
Londrina, Mohamad El Kadri. “É claro que o dinheiro faz muita falta.
Mesmo assim, não podemos ficar esperando os pagamentos para resolver os
problemas do Samu.”
Para a Prefeitura de Rolândia, o calote provoca dificuldades na
manutenção do serviço. “Buscamos sensibilizar os gestores que devem,
porque o Samu é uma espécie de seguro: paga-se para não usar. Se as
cidades não pagam, os principais prejudicados são os pacientes, pois o
serviço não pode ser ampliado”, resumiu a diretora de urgência e
emergência da Secretaria de Saúde de Rolândia, Izilda Fróis.
Morte
No começo deste mês, com a grande quantidade de solicitações de
socorro e com várias ambulâncias em manutenção, um aposentado morreu
dentro de uma agência bancária no centro de Londrina. Infartado, ele
aguardou quase uma hora pela ambulância avançada.
Rombo no Samu
Dezessete prefeituras da região devem R$ 11 milhões a Londrina e a
Rolândia pelo serviço de socorro; são R$ 6 milhões para a primeira
cidade e R$ 5 milhões para a segunda.
Cada cidade deveria pagar, por mês, R$ 0,51 por morador, para ter acesso ao serviço; deste total, R$ 0,34 são pelo uso da Central de Atendimento e R$ 0,17, pelas ambulâncias avançadas – há três em Londrina e uma em Rolândia.
Cada cidade deveria pagar, por mês, R$ 0,51 por morador, para ter acesso ao serviço; deste total, R$ 0,34 são pelo uso da Central de Atendimento e R$ 0,17, pelas ambulâncias avançadas – há três em Londrina e uma em Rolândia.
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