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ROLANDIA E O NORTE DO PARANÁ

quarta-feira, 29 de abril de 2015

TERCÍLIO TURINI CRITICA COBRA REPÓRTER

FOLHA DE LONDRINA

Projeto polêmico 'racha' base de Beto na Assembleia

Pedro Oliveira/Alep Entre os dez partidos que têm mais de um representante na Casa, apenas em três todos os deputados foram favoráveis ao projeto que mexe na ParanaPrevidência

"Na política o que vale são as posições que a gente toma e não apenas levar uma ambulância para a cidade", argumenta Tercílio Turini (PPS)
"Se eu me posicionar na oposição, esse cara (governador) não me dá nada. Nem um papel de bala", afirma Cobra Repórter (PSC)
Sandro Nascimento/AlepA esvaziamento das galerias, segunda-feira, não impediu que a insatisfação dos servidores com o projeto de lei do governo do Paraná, que prevê mudanças na ParanaPrevidência, ecoasse no plenário da Assembleia Legislativa (AL). Embora tenha saído vitoriosa na primeira votação, a administração não garantiu consenso nem mesmo entre os partidos da base aliada. Entre as dez legendas que têm mais de um deputado estadual, apenas três (DEM, PP e PSDB) tiveram votação uniforme e favorável ao projeto, enquanto que nos demais as posições foram divergentes.

O maior exemplo é o PSC, do deputado licenciado e secretário estadual de Desenvolvimento Urbano, Ratinho Junior, tradicional aliado do governador Beto Richa (PSDB) e virtual candidato ao governo estadual em 2018. Com 12 parlamentares, a maior representação na Casa, a sigla tem lastro suficiente para decidir votações importantes, tanto que na véspera, Beto chamou o grupo para pedir apoio. Como comparação, a diferença na aprovação de anteontem foi de 10 votos. Evandro Araújo (suplente de Ratinho), Claudio Palozi, Leonaldo Paranhos e Gilson de Souza votaram contra a proposta do Executivo.

Segundo o líder do partido na AL, Hussein Bakri (PSC), não foi emitida nenhuma recomendação e os deputados tiveram liberdade para votar. "Não existe consenso e estes deputados entendem que o projeto precisa de melhorias." Porém, o receio de perder o capital político em ano pré-eleitoral pode ter feito a diferença em muitas avaliações individuais, conforme sinalizou o deputado Cobra Repórter (PSC). "Tem parlamentar que pretende disputar como prefeito e não quis se arriscar."

ACONCHEGO DA BASE

Apesar da análise sobre os colegas, Cobra arriscou e votou com o governo para manter o aconchego da base governista, que traz vantagens para o parlamentar. Em conversa reservada com correligionários após a sessão de segunda-feira, e que acabou vazando para a imprensa ontem, o deputado de Rolândia disse que "o governo só dá coisas para quem está na base". "Se eu me posicionar na oposição, esse cara (o governador) não me dá nada. Nem um papel de bala. E eu vou ser um deputado de quatro anos fazendo oba-oba, sem levar nada para a minha região."

Procurado pela FOLHA, Cobra reconheceu que fez as declarações. "Foram palavras num grupo fechado nas redes sociais e invadiram a nossa privacidade ali, mas é assim mesmo", lamentou.

Segundo ele, a dependência do dinheiro do Executivo acaba interferindo na atuação do parlamento. "Não adianta tapar o sol com a peneira. É assim que funciona. Mas eu não estou pensando em mim, estou pensando na população para onde eu preciso levar os recursos, os investimentos. Quem está na oposição vai ter dificuldades para conseguir."

Contudo, o parlamentar negou que estará sempre votando com o governo. "Se algo não for bom, for contra os meus princípios, vou deixar claro que não voto." Cobra, que assinou documento para garantir a sua atuação na AL, disse que manteve o compromisso com os eleitores, "pois assinei que não votaria contra a população e entendo que o projeto é bom, não retira direitos".

O deputado Tercílio Turini (PPS), que é de Londrina, não poupou críticas ao colega da região. "Se ele (Cobra) falou isso, discordo veementemente. É um equívoco, porque fazer obras no interior é uma obrigação do governador. Apenas para lembrar, Beto teve quase 80% dos votos de Londrina." De acordo com Turini, "na política o que vale são as posições que a gente toma e não apenas levar uma ambulância para a cidade". Tiago Amaral (PSB), também da região, foi procurado mas atendeu o celular.

O líder do PSC, deputado Hussein Bakri não negou o desconforto com a situação, mas mantém o apoio ao projeto da ParanaPrevidência. "Claro que sempre há um prejuízo político, mas com as mudanças, o projeto ficou bom." Segundo ele, em razão das dificuldades financeiras do governo, "nesse momento não há outra solução que não seja a aprovação." Vale lembrar que, na primeira discussão na segunda-feira, o projeto do Executivo foi aprovado por 31 votos favoráveis contra 21 contrários. Edson Ferreira -  Reportagem Local

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