Adolescente de 17 foi agredido após desentendimento em escola em Pinhalão
A disputa por uma carteira na sala de aula teria gerado o desentendimento entre um rapaz de 15 anos e uma adolescente do ensino fundamental que estudam na Escola Estadual Castro Alves, em Pinhalão (Norte Pioneiro). A briga, que terminou com a morte de um rapaz de 17 anos na quarta-feira, chocou a cidade de pouco mais de 6 mil habitantes.
A investigação é conduzida pela delegada Silmara Pereira, que atua no município de Tomazina. Segundo os depoimentos, a menina se sentou em uma carteira usada costumeiramente pelo rapaz de 15 anos. Os dois se desentenderam e houve bate-boca. O rapaz decidiu se sentar em outro local, mas a menina teria ameaçado contar para o namorado de 17 anos o que havia acontecido. Após a aula de educação física, os dois rapazes brigaram. O adolescente de 15 anos, então, usou a caneta para ferir o outro. "Na luta corporal, ele acabou pegando a caneta que estava no bolso e acertou a traqueia do outro rapaz, de 17 anos", afirmou a delegada.
O adolescente de 15 anos foi apreendido e deve responder por ato infracional equivalente ao homicídio. Ele foi ouvido pelos policiais militares e por um promotor, que acompanha o caso. Professores, familiares, colegas da turma e a menina que teria se desentendido com o jovem devem prestar depoimento nos próximos dias. "É trágico demais, surpreende até a gente que já acompanhou tantos fatos... Nesse caso, envolve dois jovens cheios de vida e uma morte por motivo tão fútil e sem fundamento deixa a gente estarrecida", completou Silmara.
O namorado da menina não era aluno do colégio. Após a briga, o adolescente de 15 anos retornou à sala de aula e o rapaz ferido correu por algumas quadras. Ele foi socorrido, mas não resistiu. O corpo foi encaminhado ao Instituto Médico Legal de Jacarezinho.
De acordo com a chefe do Núcleo Regional de Educação de Ibaiti, Arlete Korovisk dos Santos, quando necessário, as aulas de educação física da Escola Estadual Castro Alves são realizadas em outra escola próxima. "Os alunos estavam em uma quadra desta escola ao lado, acompanhados do professor. Na Castro Alves não tem espaço para as aulas de educação física. Às vezes, as atividades são feitas no pátio. Em torno das 20 horas, havia acabado a aula de educação física, era intervalo e eles estavam voltando para a Castro Alves quando isso aconteceu", explicou.
Segundo Arlete, várias atividades de prevenção às drogas e violência são realizadas nas escolas, em parceria com promotores, conselheiros tutelares e a Patrulha Escolar, quando há equipe nas cidades. Em Pinhalão, não há policiais destinados à patrulha nas escolas. "É um fato muito grave e vamos tomar as medidas necessárias para que alunos e professores possam ficar em segurança", garantiu. As aulas na Escola Estadual Castro Alves, que atende 275 alunos, só serão retomadas segunda-feira.
Para o capitão Márcio Jaquetti, que atua no Batalhão da Polícia Militar de Jacarezinho, a ocorrência foi um "fato isolado". "É uma situação diferenciada, que comove a comunidade e chama a atenção da Polícia Militar. Pinhalão tem a sua equipe de policiamento (subordinada à Companhia de Ibaiti), mas, como toda e qualquer cidade, tem problemas, situações por vezes agressivas", ressaltou. Jaquetti afirmou que, nas cidades menores que ficam na área de abrangência do batalhão, o policiamento é reforçado durante a noite.
Segundo relatório da Secretaria de Estado da Segurança Pública, o último homicídio registrado em Pinhalão ocorreu em 2012. Apesar do susto, os moradores retomam a rotina aos poucos. "A cidade é pequena. Todo mundo ficou surpreso. Foi uma fatalidade o que aconteceu. Aqui a gente conhece todo mundo. Meu menino também estuda lá à noite", disse a mãe de outro aluno.
Viviani Costa
Reportagem Local
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