DANIEL STEIDLE
COMO SERIA?
Na “Festa de Final de Ano” da Bimini, muita gente que ainda vive ou viveu na roça lembrou da horta, das flores, da criação, das frutas, dos encontros religiosos, das alegrias simples e principalmente do valor da família unida.
Rolândia, assim como qualquer outra cidade, precisa crescer! Sim, mas o “crescer pelo crescer apenas” está nos levando a crises cada vez mais sérias. Já consumimos 1 ½ Planeta! Há um extermínio em massa da diversidade terrestre nunca antes visto. E a água, que parecia eterna, se encaminha como produto raro que causará terríveis conflitos.
Soa incontestável o discurso: “Rolândia precisa crescer!” Sim, mas não era hora de dar mais atenção a vocação da Terra, a sabedoria e a experiência de vida dos mais velhos? A D. Inês Festti definiu seu espaço rural como “O MEU PARAÍSO”, onde tem quiabo, chuchu, pepino, pimentão, abóbora, abacate, figo, pêssego, pés de alfaces... enfim uma enorme fartura que ela reparte com os vizinhos! Quanto ao contorno de expansão urbana, chamado de “linha verde”, que deve passar bem perto do sítio dela, a D. Inês sorriu e disse: “dê que adianta muito dinheiro e ficar sem a terra que produz”.
“Rolândia precisa crescer!” Pois é, Rolândia já foi mais populosa do que é hoje, com muita gente feliz na roça, na Era do Café. Ainda há fertilidade nesta terra vermelha, tão exaurida e que tanto contribuiu ao progresso. Seria uma cegueira e ingratidão total agora, em nome de um modelo insustentável, tornar urbana esta preciosa Terra.
Com tudo o que há de sabedoria, tecnologia e ciência podemos crescer muito, revitalizando a roça. Da roça, em vez de ser uma indústria sem gente e produzindo apenas matéria prima de exportação, voltar a dar muitos empregos no cultivo de comida de qualidade para milhares de bocas, pertinho de nós.
Da roça também voltar a ser o ponto de encontro e fonte de inspiração e educação para os moradores das cidades, tão sem identidade e história. O global, o mundo, depende de um saudável desenvolvimento local ligado a Terra.
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