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ROLANDIA E O NORTE DO PARANÁ

segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

HOTEL ROLÂNDIA: PRIMEIRO PASSO JÁ FOI DADO

A LUZ DO “MUTIRÃO HOTEL ROLÂNDIA”

Debaixo de um céu radiante, apesar da previsão quase certa de chuva, estavam trabalhando alegremente, em pleno domingo (21), um batalhão de pessoas, colocando ordem no cenário abandonado do Hotel Rolândia. A reconstrução da réplica do patrimônio histórico de 1934, considerado o “marco 0” da região, estava esquecida pela comunidade. Mato e moradores de rua tomaram conta da ruína. Na área aberta corria solto o roubo das valiosas tábuas de peroba-rosa, o fogo deixou buracos no assoalho, os caixilhos das janelas quebradas caiam aos pedaços e os montes de mata-juntas e de caibros se desmancham no tempo. A reconstrução ficou parada há anos e o telhado inacabado continua fazendo a chuva atacar o sólido vigamento. Durante anos houve protestos de alguns apaixonados pela história. Mudanças administrativas e a crônica falta de dinheiro seriam as causas do esquecimento. Finalmente conselhos municipais resolveram agir! Arquitetos e historiadores foram consultados, a prefeitura procurada e reuniões e mais reuniões feitas. Entrevistas na rádio local e uma intensa divulgação pelas redes sociais atraíram atenção e iniciou-se uma campanha de sensibilização pelo resgate da história local, ainda de pé e na memória do povo. A empolgação popular cresceu, mas ninguém imaginava o entusiasmo de domingo, das pessoas voluntariamente botarem com vontade a mão na massa. Devagarzinho foi chegando gente de todos os tamanhos e cores. Não havia comando. O bom senso, os acordos do momento e o talento de cada um mandavam e o respeito e as gentilezas reinavam. Ninguém se machucou no caótico canteiro de obras. Durante a pausa, debaixo de árvores, descansou-se com um gostoso lanche que a “equipe” organizou. Apareceu uma sanfona e já estavam todos dançando. Um artista fez sua apresentação com sapatos cheios de barro e arrastando duas malas, querendo ocupar o Hotel Rolândia. Duas bonecas de porcelana, relíquias achadas no lixo do hotel na época da demolição, voltaram à vida num improvisado teatro de fantoches. Uma hora todos juntaram as mãos, fizeram uma corrente humana e deram um grande abraço ao redor do cenário do Hotel Rolândia, que com certeza deve ter dado uma risada com o carinho desses humanos esquisitos. Mas a cena não devia ser novidade para o Hotel que chegou a ver a densa floresta virgem se afastando graças à incrível dinâmica dos mutirões populares. Os pioneiros da época foram heróis e como foi gratificante neste domingo todos provarem deste sentimento der ser também um pouco herói... No final do mutirão alguns até brincaram, dizendo: “Depois de concluirmos o cenário do Hotel Rolândia podemos consertar o Brasil!” Brincadeira? Tanto esperamos nestes tempos de crise, de solidão, de conflitos e incertezas aquela orientadora “luz no final do túnel”. Que a idéia do mutirão, uma palavra de origem indígena, que tanto fez sucesso entre nossos antepassados, seja de novo, além do seu potencial de salvar a pátria, a luz especial de união, de resultados e de sentido em nossas vidas.
DANIEL STEIDLE

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