Corpo de Eduarda Shigematsu foi sepultado em Rolândia; pai é suspeito pelo crime
A Polícia Civil investiga o consultor de vendas Ricardo Seidi pela morte da própria filha Eduarda Shigematsu, 11, em Rolândia (Região Metropolitana de Londrina). Seidi foi preso neste domingo (28) após, segundo a polícia, confessar ter enterrado o corpo de Eduarda no quintal de um imóvel abandonado de propriedade dele. De acordo com o delegado da 22ª Subdivisão Policial de Arapongas, Ricardo Jorge Pereira, a Polícia Civil vai pedir a prisão temporária de Seidi pelo crime de homicídio qualificado.
A avó paterna de Eduarda, que possui a guarda da menina, havia registrado o desaparecimento da neta na última quinta-feira (25). Ela e a avó moravam em uma casa nos fundos da residência do investigado. A mãe mora em São Paulo. Eduarda foi vista pela última vez na manhã de quarta-feira (24), após retornar da escola. Desde então, familiares e amigos se uniram para localizá-la. O pai da estudante, inclusive, reforçou a mobilização nas redes sociais, o que gerou a indignação dos moradores.
O corpo de Eduarda foi encontrado neste domingo após denúncia anônima recebida pela Polícia Civil. A vítima estava com mãos e pés amarrados e com um saco plástico na cabeça. Ao delegado, o pai não confessou ter matado a filha. Em um primeiro momento, ele disse apenas que em razão do desespero ao verificar que Eduarda havia se suicidado, decidiu enterrar o corpo.
"Ele nega a prática de homicídio. Ele fala que encontrou a menina enforcada no quarto dela. Ela morava nos fundos com a avó paterna e o pai morava na casa da frente”, comentou o delegado. Porém, a polícia investiga contradições nos depoimentos coletados até então.
"O médico legista fez um exame minucioso e foi bastante cauteloso no cadáver como um todo. Ele apontou que a causa da morte, preliminarmente, possa se tratar de uma esganadura. A esganadura não é compatível com enforcamento. Então a versão do pai já cai por terra”, afirmou o delegado com base nos dados preliminares do IML (Instituto Médico-Legal). No início da tarde desta segunda-feira (29), a Polícia Civil informou que o laudo final do IML confirmou como causa da morte asfixia mecânica por esganadura, o que reforça a atual linha de investigação.
Integrantes do Sicride (Serviço de Investigação de Crianças Desaparecidas) que estavam na região para auxiliar as equipes na busca por Eduarda retornaram à capital. Imagens de câmeras de segurança continuam sendo analisadas pela Polícia Civil. O delegado informou que serão realizadas perícias em veículos, celulares, computadores e nos imóveis da família. Um carro encontrado na casa do pai de Eduarda era roubado. A investigação também encontrou veículos furtados em uma chácara frequentada pelo pai da menina, de acordo com o delegado de Rolândia, Bruno Rocha. “Ele também será indiciado por receptação.”
Até o fim da tarde desta segunda, a polícia ainda não havia localizado o veículo utilizado para levar o corpo de Eduarda da casa em que ela vivia até o imóvel onde ela foi encontrada.
Rocha pretende ouvir a avó de Eduarda sobre o caso. “A gente vai agendar um horário, principalmente, para verificar se ela sabia do resultado que a gente já ia encontrar quando registrou aquele Boletim de Ocorrência. Todas as investigações agora estão voltadas para a situação do homicídio”, explicou.
HOMENAGENS
“A cidade toda chora a morte da Eduarda”. A frase dita durante as últimas homenagens prestadas à estudante resumiu o sentimento dos moradores de Rolândia. O enterro na manhã desta segunda-feira foi marcado por forte comoção com orações e hinos de louvor entoados por familiares, amigos e até desconhecidos que foram ao cemitério municipal prestar solidariedade. Não houve velório. Logo após o enterro, muito abalada, a mãe de Eduarda, Jéssica Pires, precisou de atendimento médico.
“A cidade toda chora a morte da Eduarda”
A menina estudava no Colégio Estadual Presidente Kennedy. Colegas de turma, professores e pais de alunos acompanharam o sepultamento. “Ela era uma menina muito doce”, lamentou a mãe de um aluno. “Foi muita crueldade. Nada explica”, resumiu outra mãe que acompanhou as homenagens.
As aulas foram suspensas na manhã desta segunda-feira. Conforme a diretora do colégio Maria Goreti Gomes, as atividades seriam retomadas no período da tarde. “Nós ajudamos nas buscas e recebemos essa notícia com muita tristeza. A Eduarda era muito querida. Vamos nos reunir, conversar com as crianças e trabalhar com os professores para retomar as aulas. A vida segue e a Eduarda sempre ficará guardada no nosso coração.”
O tio da estudante, Adriano Bernardelli, é policial militar em São Paulo e contou que a família foi pega de surpresa. “Assim que a mãe soube do desaparecimento, ela veio para Rolândia. Elas conversavam todos os dias e tinham uma boa relação. Eduarda era tranquila, fazia balé, ia para a igreja com a avó e tinha um relacionamento normal com o pai. Ela nunca falou de algum caso de agressão ou outro fato que chamasse a atenção”, contou. O tio acompanhou o sepultamento.
Fonte: Folha de Londrina.
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