FOLHA DE LONDRINA
Norte do PR esquece seus patrimônios
Especialistas alertam que mudanças urbanas são realizadas a qualquer custo, colocando abaixo antigas edificações e apagando a história dos pioneiros
Parque Histórico Danziger Hof, em Cambé: portões trancados e mato alto ofuscam casas doadas por pioneiros
Construções inovadoras e arranha-céus podem ser considerados um movimento evolutivo necessário às cidades, reflexo de crescimento e progresso. Especialistas alertam, porém, que mudanças urbanas estão sendo realizadas a qualquer custo, colocando abaixo antigas edificações e paisagens, apagando a história e a memória dos pioneiros. Para piorar, não é difícil encontrar objetos culturais abandonados, quando deveriam ser preservados, resguardando assim o passado às futuras gerações.
A reportagem da FOLHA percorreu alguns pontos de Londrina e cidades vizinhas e constatou que ainda há muito o que fazer - ou mais nada o que fazer - já que, em alguns casos, o descaso resultou em destruição. Alguns exemplos são a ferroviária da cidade de Joaquim Távora, no Norte Pioneiro, a Casa dos Anões, em Londrina, e o Hotel Rolândia, naquela cidade. O Teatro Ouro Verde recebeu verba estadual e será reconstruído conforme seu projeto original, já que era tombado como patrimônio histórico pelo Estado.
Quem passa em frente a uma das principais avenidas na entrada da cidade de Rolândia vê um edifício residencial sendo erguido no lugar do antigo Hotel Rolândia. A previsão é que daqui a dois anos um prédio de 14 andares e 112 apartamentos ocupe a esquina que já abrigou o histórico hotel - uma construção da década de 1930, toda em peroba, considerada um dos principais marcos da imigração alemã na região.
Para os moradores do município, uma perda sem igual agravada pelo descumprimento da promessa do patrimônio virar um museu, memorial ou mesmo espaço cultural.
Na matéria ainda consta uma entrevista com a ML dizendo que as obras do Hotel Rolândia estão atrasadas por causa da ocorrência de uma invasão.
Desconheço tal invasão. As obras estão atrasadas segundo o vigia do canteiro de obras por causa de pagamentos e repasses de verbas que "não saíram conforme combinado".
"Eu fiz a minha parte. Ajuizei uma ação popular contra Johnny pedindo a preservação do Hotel Rolândia. Rolândia é tida como uma cidade culta, mas se não fosse a minha ação, nem as medeiras tínhamos preservado".
Parte final escrita por José Carlos Farina