Quase dez mil dias depois de ter realizado a sua primeira visita a Londrina, a Alteza Imperial Príncipe Fumihito Akishino retornou a Londrina. Desta vez ele veio acompanhado de sua esposa Kiko para as comemorações dos "120 anos do Estabelecimento das Relações Diplomáticas Japão-Brasil" e também para a celebração dos 100 anos da Imigração Japonesa no Paraná. O príncipe é a segunda pessoa na linha de sucessão do Trono do Crisântemo, como é conhecida a linhagem do atual imperador Heisei.
O dia começou marcado pelos preparativos da comunidade nipônica na região, já que ele estabeleceu em sua programação a visita a três espaços em Londrina (Associação Cultural e Esportiva de Londrina - Acel, Praça Tomi Nakagawa e Aliança Cultural Brasil-Japão do Paraná) e um em Rolândia (Centro de Imigração Japonesa do Paraná). Logo pela manhã foi possível observar japoneses e seus descendentes se dirigindo para cada um dos pontos pelos quais o casal imperial iria passar.
Na Acel, pairava uma insegurança em função do tempo nublado, que poderia prejudicar o pouso da aeronave. Um dos primeiros a chegar para a cerimônia foi Kaoru Matsuguma, 87 anos, natural de Hokkaido (norte do Japão), que veio ao Brasil em 1932. Ele fez questão de estar presente por ser "admirador da retidão e da postura correta da família imperial japonesa". "Ela faz um contraponto aos políticos desonestos, principalmente aos que existem no Brasil", comparou.
A dona de casa Yoshiko Furuta, de 85 anos, lembrou que nem todos têm a oportunidade de ver o príncipe de perto, mesmo no Japão. Ela relatou que já teve essa oportunidade anteriormente, quando o atual imperador do Japão esteve em Londrina, em 1978. "Eu me recordo que fomos vê-lo no Moringão. O ginásio ficou lotado."
A visita ao clube foi bastante rápida. Primeiramente o casal passou por vários convidados e, quebrando o protocolo, estendeu as mãos para alguns deles. Na sequência descerrou a placa alusiva à sua visita e logo na sequência recebeu dois quadros de presente, no qual estavam representados a gralha azul e um grou. O príncipe se dirigiu ao artista plástico Carlos Kubo, perguntou qual a tinta utilizada e observou que ao fundo da pintura havia uma representação da cerejeira japonesa e do ipê brasileiro. Então o casal assistiu a uma apresentação de taikô (tambores japoneses) do grupo Ishindaiko, a quem também agradeceu pela apresentação.
Outros convidados também conversaram com o casal imperial e logo na sequência o grupo seguiu para a Praça Tomi Nakagawa (região central), onde participou de uma cerimônia realizada com o prefeito Alexandre Kireeff. "É um momento muito importante, de reafirmação dos laços de amizade e respeito dos povos do Japão e do Brasil. Por isso estamos muito felizes com a visita do casal imperial à cidade", destacou o prefeito.
De acordo com Kireeff, as relações diplomáticas de reafirmação e entendimento entre dois povos são o passo inicial para qualquer outro tipo de tratamento. "Temos com a cultura e a imigração japonesa um vínculo muito forte, eles foram fundamentais na formação da nossa identidade cultural, na construção da nossa cidade e evidentemente esses laços têm que ser sempre reafirmados e fortalecidos. Tudo aquilo que pode decorrer desse tipo de relacionamento passa inicialmente pela reafirmação da amizade e respeito entre os povos", destacou.
Uma das pessoas com quem o príncipe conversou foi Wataru Nakagawa, de 84 anos. Ele é irmão de Tomi Nakagawa, a última passageira do navio Kasato Maru a morrer entre os 781 que constituíram o primeiro grupo de imigrantes japoneses a vir ao Brasil em 1908. "O príncipe falou que conheceu a minha mãe e minha irmã e que conversou com elas na visita anterior que realizou a Londrina", destacou.
Depois da visita à Praça Tomi Nakagawa, a comitiva visitou a Aliança Cultural Brasil-Japão, e depois iria para a cerimônia oficial em Rolândia, onde realizaria a visita ao Museu Histórico da Imigração Japonesa.
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