GAZETA DO POVO
Quando a equipe do Rotas & Destinos decidiu seguir a dica de um leitor, o Antônio Marcos, e ir até a Chácara Marabú, em Rolândia, não sabia que encontraria um lugar tão especial. Antes, acessamos o site, em que tivemos a informação de que teríamos um almoço vegetariano, mas como o tempo era escasso não conseguimos nos informar melhor. Apenas fomos.
Chegando, começamos a conhecer um pouco mais sobre a história e a filosofia do local. A Chácara Marabú tem 70 anos e foi fundada por um casal de suíços, Arnold e Alice Rechsteiner. “Meu avô já era vegetariano. Minha mãe nunca comeu carne na vida e eu há muitos anos não como”, conta Adrian Saegesser, que junto com os pais, Úrsula e Heino, cuida da propriedade, que mantém 1 dos 3 alqueires intocado, repleto de animais e de árvores centenárias.
Além de oferecer o almoço vegetariano que nos levou até lá, a Marabú serve o Café Suiço (ambos a R$ 20 e que devem ser agendados para grupos de no mínimo dez pessoas), recebe hóspedes (ela tem um chalé e a diária para casal custa R$ 150) e comercializa geleias, compotas e patês feitos ali mesmo, com os produtos da terra.
Mas você deve estar se perguntando: como quatro pessoas – a família conta com a ajuda de uma funcionária, Simone – dão conta de cuidar de tudo isso?
É aí que entra a segunda parte desta história. Logo que chegamos, vimos algumas pessoas, que nos aguardavam para o almoço. Pensamos que eram simples hóspedes, mas logo descobrimos que eram visitantes especiais, que estavam ali não para descansar, mas para colocar a mão na massa. “Somos filiados ao WWOOF e recebemos pessoas do Brasil e do mundo inteiro, interessadas em vivenciar a cultural rural do lugar. Elas nos ajudam nas tarefas diárias e em troca recebem estada e alimentação gratuitas”, explica Adrian.
A WOOF (sigla em inglês para World Wide Opportunities on Organic Farms) é uma rede que começou na Inglaterra nos anos 70, organizando a visitação de pessoas interessadas em conhecer a vida rural, mas de forma participativa. Hoje, é uma organização mundial que envolve mais de 50 países e milhares de pessoas, de proprietários a viajantes, entre eles os quatro “wwoofers” que pudemos conhecer em Rolândia: os paulistas de Marília, Rogério Bernardi de Oliveira e Carolina Braz; a americana Yara Costa Khakbaz e o irlandês Quentin Browne.
“Trabalhava como assistente de produção da HBO em Los Angeles, mas sentia que tudo era superficial. Por isso resolvi vir atrás das minhas raízes”, diz Yara (em ótimo português), cuja mãe é brasileira, que desde setembro roda pelo país. “Minha irmã se casa em agosto do ano que vem. Até lá não preciso voltar”, afirma.
Essa vontade de ficar contagia quem passa por lá. A casa de madeira, os discos de vinil, o balanço pendurado na árvore, o barulho da natureza e a vida simples (que para mim é o verdadeiro luxo) fazem com que se tenha apenas uma certeza: a de um dia voltar.
Serviço
Complemento: Caixa Postal 155
Bairro: ZONA RURAL
Telefones: (43) 3256-3417 e (43) 9901-9248
Texto: Flávia Alves