FOLHAWEB
Uma história contada pela arquitetura
Exposição revela detalhes de fachadas, muros e casarões dos tempos áureos de Londrina
Construções das décadas de 50 e 60 da Área Central mostram que as preocupações da sociedade eram outras
Antônio Cândido Filho mora em uma casa erguida em 1959
Através de fotos de fachadas, muros, janelas e portas, o professor André Joanilho quer despertar o olhar da população
''Do esquecimento quase não se fala, afinal, é esquecimento''. Essa é uma das justificativas dadas pelo professor de História Cultural da Universidade Estadual de Londrina (UEL), André Joanilho, sobre a exposição ''Ruínas da Memória''.
Através de 39 fotos de fachadas, muros, janelas e portas de construções das décadas de 50 e 60 de Londrina, Joanilho quer despertar o olhar da população para esses locais, a fim de valorizar detalhes esquecidos pelo tempo e quem sabe, provocar a necessidade de conservação.
Os registros podem ser vistos até hoje, no Centro de Documentação e Pesquisa Histórica (CDPH) da UEL, e em seguida vão para a Biblioteca Central do campus. ''A ideia surgiu pelas minhas andanças pela cidade. Após a Lei da Cidade Limpa, percebi que surgiu praticamente uma outra Londrina. E concluí que os detalhes não foram feitos para serem lembrados e, por isso, passam despercebidos'', explica.
Os locais escolhidos pelo professor estão na Região Central, como nas ruas Benjamin Constant, Belo Horizonte, Sergipe e Mato Grosso. ''São lugares familiares para os londrinenses e que certamente desaparecerão devido à velocidade da construção civil'', comenta Antônio Carlos Zani, professor de Arquitetura da UEL.
Com 31 anos de experiência na área, Zani explica que hoje temos um estilo de vida totalmente diferente da época em que essas casas e prédios foram erguidos. Segundo ele, a arquitetura dos anos 50 e 60 também tinham certa velocidade, mas as preocupações da sociedade eram outras. ''As varandas e os muros baixos revelam que o contato dos moradores com as ruas era maior. As pessoas passeavam mais, conversavam com os vizinhos e não havia preocupação com a segurança. O cotidiano era diferente do de hoje. E os mais abastados naquela época, optavam por morar em casarões, que começaram a surgir em Londrina já na década de 40'', relata.