FOLHA DE LONDRINA
Loucos por aventura
Loucos por aventura
Adeluci Moraes, Júlio Damasceno, Adriano Pereira e Edeval Aranda disputarão etapa brasileira da Ecomotion
(montain bike em trilha, remo, trekking, escalada e rapel)
(montain bike em trilha, remo, trekking, escalada e rapel)
Integrantes da equipe londrinense se preparam para encarar os 600 km da Ecomotion
Competidores conhecerão percurso somente na véspera do início da disputa
Quatro loucos por esportes radicais juntos. A combinação só poderia terminar numa aventura para lá de desafiadora. Movidos por muita adrenalina, Adeluci Moraes, Júlio Damasceno, Adriano Pereira e Edeval Aranda formaram uma equipe e já treinam duro para participar da etapa brasileira do Mundial de Aventura, a Ecomotion, que será realizada de 9 a 18 de agosto, no Nordeste do Brasil.
Na verdade, os treinamentos já começaram em novembro do ano passado. Mas porque tão cedo? As 50 equipes inscritas, entre elas estão as maiores feras da modalidade do mundo todo, terão nove dias para completar o percurso de 600 quilômetros com provas de montain bike em trilha, remo, trekking, navegação e técnicas verticais (escalada e rapel), além de uma prova surpresa. Um teste e tanto até mesmo para quem já está acostumado com tantas aventuras.
"Já participei de várias provas assim, mas essa com certeza será meu maior desafio até agora. Vamos ter que colocar em prática tudo que aprendemos para conseguirmos ao menos terminar, que é o nosso primeiro objetivo", comenta o arquiteto Edeval Aranda, o Deva, que já faz provas de aventura há 14 anos.
O regulamento prevê que a prova seja uma incógnita total para quem vai participar. Tanto que o mapa com o trajeto a ser percorrido só é divulgado um dia antes da largada, para evitar que as equipes conheçam detalhes do percurso antes da prova. "Cada prova é uma incógnita, com muitos imprevistos", alerta Deva, o mais experiente do grupo.
Última a entrar para a equipe, a ultramaratonista Adeluci Moraes conta que os treinos precisam ser diários para que a equipe adquira entrosamento o mais rápido possível. "A gente precisa treinar junto o maior tempo possível, pois a integração da equipe é tudo. A equipe precisa estar bem preparada não só fisicamente, como psicologicamente. A prova é muito dura e a equipe tem que estar em sintonia. Um erro, por mínimo que seja, a gente pode pagar com a vida", frisa ela. "Todo mundo tem que saber tudo", emenda Damasceno.
Para se ter uma noção do quão perigosa é a prova, o rafting, que antes fazia parte da programação, foi substituído pelo remo, por conta de duas mortes que aconteceram durante provas da modalidade em edições anteriores da Ecomotion.
Além das modalidades já previstas no cronograma, ainda é preciso preparar-se para a prova surpresa. "Tive que aprender tudo. Fiz aulas de parapente, mergulho em alto mar e fiquei um mês em Florianópolis aprendendo a surfar", conta Adeluci, que largou a vida de empresária há dois anos para dedicar-se somente ao esporte. No ano passado, a prova surpresa foi cavalgada. Para se inscreverem, os atletas precisam apresentar certificados de cursos de primeiros socorros, sobrevivência em matas fechadas e de remo.
Apaixonado por aventura, o professor de educação física Adriano Pereira trabalhou na organização de duas edições da prova no Rio de Janeiro e define a participação na Ecomotion 2013 como a realização de um sonho pessoal. Com a experiência que adquiriu, ele acredita que a equipe tem condições de brigar por um bom resultado, mesmo competindo com as maiores feras do mundo de provas de aventura.
"É todo mundo de carne e osso como nós. O que os diferencia é que são pessoas extremamente calculistas, que sabem o que fazer e administram isso da melhor forma possível", aponta. "Por isso a logística é tão importante quanto a preparação física", ensina.
Antes de ir ao Nordeste, o grupo ainda terá três boas oportunidades para se preparar. A primeira será já no próximo final de semana, na Prova da Gralha Azul, em Curitiba, com um percurso de 150 quilômetros. Na sequência, eles encaram a tradicional Chauás, na Serra da Canastra (MG), que terá o dobro do percurso da capital, no final de maio; e por último, participam da etapa do Circuito Pró-Adventure, em Cornélio Procópio, também de 150 quilômetros, no início de julho. "A gente vai chegar 100%", garante Damasceno.
Rafael Souza