FOLHA DE LONDRINA
''Penso seriamente em defender a PEC 37, em legítima defesa'', provoca Requião
Curitiba - ''Nunca enviei cartas promocionais. Condenação absurda'', disse ontem Roberto Requião (PMDB) pelo Twitter. O ex-governador emitiu vários comentários como esse ao longo do dia, inclusive recriminando o poder de investigação do Ministério Público (MP), após ser condenado a pagar multa superior a R$ 60 mil pela Justiça Estadual. A decisão é referente a ação movida pelo MP contra o político em 1994, em que Requião é acusado de supostamente ter utilizado servidores da administração para enviar cartas promocionais a eleitores.
Desde que a acusação foi feita, Requião já foi eleito governador do Paraná mais duas vezes e hoje em dia é senador em Brasília. O político foi absolvido em julgamento na primeira instância, mas o Ministério Público recorreu e obteve a condenação de Requião pela 5 Câmara Cível, presidida pelo desembargador Paulo Roberto Hapner, a quem cabe julgar ações decorrentes de atos de improbidade administrativa. ''Será objeto de recurso'', disse Requião.
''Hoje não tenho mais dúvida, sou vítima de preconceito ideológico. Penso seriamente em defender a PEC 37, em legítima defesa'', provocou Requião. Em tramitação no Congresso Nacional, a PEC 37 é alvo de uma campanha nacional do MP nesta semana. Os promotores e procuradores de Justiça criticam a medida, que quer retirar do Ministério Público a competência para realizar investigações criminais, restringindo isso somente à polícia.
Gilberto Giacoia, procurador-geral de Justiça no Paraná, em artigo contra a PEC 37, diz que ''tornou-se cada vez mais importante o desenvolvimento de mecanismos de controle aptos a coibir os desmandos administrativos, as irregularidades e distorções extraídas do desprezo aos princípios da impessoalidade e moralidade''. Ele chama a PEC 37 de ''um golpe contra o povo''.
Sem se posicionar definitivamente sobre o assunto, Requião acusa o MP de ''sacralização''. ''A base genética e cultural dos três poderes e do MP é a mesma, então vamos detonar esta ideia boba de sacralização de algumas corporações'', afirmou o senador.
José Lazaro Jr.
Reportagem Local