Casas de madeira são roubadas em Rolândia
Os imóveis foram construídos com peroba-rosa, que tem grande valor comercial
Rolândia – Casas de madeira da Gleba Cafezal, na zona rural de Rolândia (Região Metropolitana de Londrina), estão sendo desmontadas e roubadas. As moradias foram construídas com tábuas de peroba-rosa, produto que tem grande valor comercial e não pode mais ser extraída da natureza, o que estaria motivando grupos a invadirem os sítios da cidade.
A reportagem entrevistou o agricultor Raul Cocato, uma das vítimas. "Eram cinco horas da tarde. Um vizinho viu pessoas estranhas e me ligou. Telefonei então para os policiais militares e fomos juntos ao local. Lá estavam seis pessoas: quatro homens e duas mulheres", detalhou o sitiante, informando que parte das madeiras já estava no caminhão utilizado pelo grupo.
Raul disse que a casa estava desocupada. Ele acredita que a reconstrução não sairá por menos de R$ 50 mil. "É só prejuízo. Não temos há anos a Patrulha Rural por aqui. Vivemos com nossa família só com a proteção de Deus", lamentou.
O irmão de Raul, o também agricultor Gilberto Cocato, é outra vítima da "Máfia da Peroba". O sítio onde vive também foi alvo dos ladrões. "Eles atacam de dia e de noite. Não tem horário. Moramos aqui desde 1976 e os roubos começaram nos últimos dois anos. Já foram cinco só nos nossos sítios."
Um dos suspeitos de invadir o sítio de Raul, de 37 anos, foi preso em flagrante pelo crime de furto e está preso na Delegacia da Polícia Civil. Os demais foram liberados. Ele é morador de Londrina e estaria repassando as madeiras a um receptador. A Polícia Civil apura a participação de uma máfia que arquiteta e financia os crimes.
"Durante o interrogatório, o suspeito contou que foi contratado por um rapaz para realizar o furto e que o contratante venderia as madeiras por R$ 12 mil", explicou o delegado de Rolândia, Walter Helmut Junior.
Ele disse que tentou tirar do suspeito o nome do receptador. "Ele disse que se contasse poderia ser morto", afirmou.
O capitão Sílvio Marcos Moraes, responsável pela comunicação social do 15º Batalhão de Polícia Militar de Rolândia, conta que não existe Patrulha Rural no município. "O patrulhamento é feito por viaturas da Rotam (Ronda Tático Motorizada) ou RPA (Rádio Patrulha Auto) e é feita diariamente, no entanto, como a área rural é extensa não há como realizar o patrulhamento no mesmo dia", destacou.
O capitão acrescentou que até hoje apenas uma pessoa registrou boletim de ocorrência relatando o roubo de madeira das casas. "Pode ser que as pessoas não estejam registrando e os roubos estejam acontecendo", afirmou. (Colaborou Vítor Ogawa/reportagem Local)
Paulo Monteiro
Equipe NossoDia