JOSÉ CARLOS FARINA, BLOGUEIRO E YOUTUBER
quarta-feira, 19 de março de 2014
ILSE DIETRICH - SÍTIO CAIOBI - ROLÂNDIA - PR. - AMBIENTALISTA
FOLHA DE LONDRINA
Muitas famílias que na primeira metade do século passado escaparam do nazismo na Alemanha emigraram para o Norte do Paraná e, ao longo de décadas, construíram uma história de respeito e devoção ao meio ambiente. Em Rolândia, várias propriedades rurais guardam um legado impressionante: verdadeiros jardins botânicos informais que, assim como os oficiais, abrigam uma flora exuberante e diversificada.
São áreas que, além da riqueza ambiental, contam a vida de pessoas e revelam a maneira com que elas lidam com a natureza. Na visão do educador ambiental Daniel Steidle, trata-se de "tesouros" que precisam ser preservados não só pelo banco genético ali existente, mas também para que possam vir a funcionar como "escolas a céu aberto" e como espaços de estudos para botânicos e biólogos.
"As coleções de plantas têm função estratégica para a sobrevivência do homem. Esses jardins, muitos com espécies ainda não catalogadas, são cuidados por senhoras com mais de 80 anos de idade. O segredo da longevidade e do bom humor parece ter relação direta com eles", afirma Steidle.
É uma tese que encontra respaldo no Sítio Caiobí, onde mora Ilse Dietrich, que chegou à Rolândia com os pais e dois irmãos em 1934. Dos 20 alqueires originais, quatro ainda são de mata virgem, que circundam a casa erguida com vigamentos de toras brutas e em cujo porão ainda há a oficina da qual saíram todos os móveis da família. Próximo de um babaçu trazido do Mato Grosso e de pitangueiras de 15 metros de altura fica um sombrete que protege boa parte das três mil orquídeas existentes no local. Perobas, mandacarus e figueiras dividem espaço com arbustos e frutíferas que os pais trouxeram de vários lugares do Brasil.
"Lidar com jardins é herança dos meus antepassados. Meu pai gostava muito, e eu peguei a mania dele."
Nos primeiros dez anos na nova morada, até o plantio do café, a rotina da família Dietrich no Sítio Caiobí era trabalhar pela subsistência. Plantava-se basicamente feijão e milho, e criava-se frangos, porcos e algum gado.
"Fui criada assim. Gosto de mexer com plantas. Não me vejo na cidade, em apartamento. Gosto mesmo do ambiente natural, simples. Não tenho medo dos bichinhos que o pessoal da cidade não gosta. Não mato eles, nem mosquito."
Hoje, Ilse Dietrich se dedica mais às orquídeas que, quando floridas, ela arrasta pra dentro de casa. "Elas ocupam meu tempo. Passo a tarde junto delas, adubando, pulverizando, replantando", relata. "Não tenho mais forças para fazer o que eu fazia no passado. Mas tenho alegria", diz Ilse, que revela um antigo costume: lá, visitantes que trazem uma muda levam outra de volta.
ROLÂNDIA - ANNELI JUNG - FAZENDA ÁGUA DO CANYON - AMBIENTALISTA
FOLHA DE LONDRINA
19/03/2014
Jardins botânicos informais
Em Rolândia, áreas cultivadas por imigrantes alemães ao longo de décadas são consideradas verdadeiros tesouros genéticos de biodiversidade
Paixão
Na Fazenda Água do Canyon, a poucos quilômetros do Sítio Caiobí, Annelise Köhrmann Jung, de 99 anos, recebe visitas, com simpatia e boa vontade, na varanda alicerçada com troncos de peroba rosa lavrados no machado. A sala da casa dela contém um pequeno jardim de inverno, com algumas folhagens plantadas à beira da janela principal – um exagero, para quem pode desfrutar, do sofá, de uma paisagem deslumbrante: milhares de metros quadrados de um grande jardim que, de um lado, oferece trilhas calçadas com pedras mauá que levam a um emaranhado de folhagens em meio a árvores imensas. Do outro, ribanceira abaixo, o jardim alcança as margens do rio que dá nome à propriedade, unindo-se a um grande fragmento de mata original.
Ao lado da casa, equipada com uma estufa e um orquidário, há também magnólias vindas de Ourinhos (SP) e folhagens e palmeiras de Faxinal (PR). "Meu marido pegou mudas em todo canto. Ele viajava muito e trazia plantas, era a paixão dele", brinca ela, que se recorda dos tempos na Alemanha. "Lá não há essa diversidade toda, essa exuberância. No Brasil, é como entrar numa loja cheia de doces", compara. "Você quer ter seu paraíso até dentro de casa."
Da varanda, apoiada em uma bengala, olhos claros e os cabelos muito brancos, Anneli exibe um sorriso largo e a dentição perfeita quando fala das suas plantas e da vida que leva na zona rural de Rolândia. "Tenho grande sorte em viver aqui, com minhas companheiras".
Imagens Ricardo Chicarelli
ROLÂNDIA - SERÁ INAUGURADO HOJE A TORRE E OS SINOS DA IGREJA MATRIZ
Nesta quarta-feira 19 será feriado municipal. Às 18:30 horas acontecerá uma missa solene, presidida pelo Arcebispo Metropolitano Dom Orlando Brandes, com a participação do Cardeal Arcebispo Dom Geraldo Majela Agnelo, do Arcebispo Emérito Dom Albano B. Cavallin e outros sacerdotes. Participação dos corais “União” e “Santa Cecília”, da Catedral de Londrina. “Às 20 horas serão inaugurados a torre e os sinos com uma cantata da sacada externa com os dois Corais presidido pelo Arcebispo e pelo Padre Zé com queima de fogos. TEXTO e FOTO By JOSÉ CARLOS FARINA
ROLÂNDIA NA FOLHA - CORTE DE 2.600 ÁRVORES
Uma reportagem na Folha de Londrina de hoje ( 19/03/14) está confirmando o que eu previ a poucos dias. Se o COMDEMA e a Câmara aprovar o Plano de Arborização encomendado pela prefeitura vão cortar nada mais, nada menos do que 2.600 árvores. Nos últimos 5 anos da atual administração foi confessado o corte de mais de 650 árvores.... e quase nada foi replantado... fiz uma reportagem ( em vídeo ) mostrando falhas em toda a cidade... Se este plano for aprovado tenho certeza que o problema se agravará. A prefeitura não tem funcionários para replantar estas árvores. Corremos o risco de termos um clima de deserto aqui em Rolândia. Se eu fosse do COMDEMA e se eu fosse vereador não aprovava este Plano que custou R$ 30 mil. TEXTO e FOTO de JOSÉ CARLOS FARINA
VEJAM O PLANO DE ARBORIZAÇÃO DE FARINA
VÍDEO
ROLÂNDIA NA FOLHA - CRÔNICA DE JOSÉ CARLOS FARINA - INFÂNCIA NO NORTE DO PARANÁ
19/03/2014 - FOLHA DE LONDRINA
Minha Infância no Norte do Paraná
"Tenho muito orgulho da infância e juventude que tive aqui em Rolândia, dividindo o meu tempo entre a cidade e o sítio. Temos aqui uma das melhores terras do mundo e um povo honesto e trabalhador"
Nasci em Rolândia, Norte do Paraná, mas sempre tive um pé na cidade e outro nos sítios de café dos meus avôs e tios. A partir dos meus 8 anos passava todas as minhas férias no sítio do meu avô materno Juan Martin. Lá morava o meu primo mais chegado, o Toninho, conhecido por Preto.
Como era costume, as crianças a partir dos 8 anos ajudavam os pais na lida do café e dos cereais. Eu, meu primo e irmãos ajudávamos os avós e tio até as 15 horas e depois éramos liberados para brincar. O nosso trabalho era capinar, limpar os troncos dos cafeeiros para facilitar o rastelamento, apanhar café, "virar" o café para secar no terreirão, amontoá-lo à tarde, ajudar a lavar os grãos para separar a terra e impurezas e ajudar a ensacar.
Uma certa época, nos anos 60, minha mãe pegava café para separar as impurezas em casa. Os comerciantes de café cediam umas máquinas onde os grãos caiam em uma esteira de pano. Com um pedal íamos movimentando a esteira e tirando os torrões, pedrinhas e pequenos pedaços de madeira. Eu e meus irmãos ajudávamos todo dia a nossa mãe. Era uma maneira de ajuntarmos uns troquinhos para assistirmos a matinê do cinema aos domingos. Até hoje me lembro de cheiro do café beneficiado.
Na década de 60 teve um ano em que o preço do café caiu tanto que as máquinas de beneficiamento cederam de graça aqueles grãos mais quebrados. Meu avô pegou logo uns dois ou três caminhões para usar como adubo. Lembro-me que vinha muita gente pegar aquele café para torrar e consumir.
Mais tarde, já mocinho viajava sempre com meu pai (que era corretor de terras) para mostrar propriedades agrícolas aos seus clientes. Por todas as estradas que andávamos de jipe víamos apenas enormes cafeeiros. O Norte do Paraná era um imenso cafezal. O mais lindo e vistoso do mundo. Pés com até 2,50 metros, verdinhos e saudáveis. As nossas terras sempre foram as melhores do Brasil.
Quase todos os proprietários davam empregos para os porcenteiros. Estes trabalhavam muito e tinham muita fartura. Criavam uma vaquinha, porcos e galinhas, tinham um cavalo com carroça.
Aos sábados na roça, infalivelmente, aconteciam os bailes de sanfona em barracas cobertas com lona. Havia uma amizade sincera e muito companheirismo. Os jovens voltavam a pé para a casa sob a lua cheia, conversando e contando piadas. Falávamos sobre as namoradas para quem ainda não havíamos declarado o nosso amor.
Aos domingos a diversão era banhos na cachoeira, pesca, caçar passarinhos com estilingue e futebol. A noite meu avô sempre recebia os amigos para ouvir as notícias no rádio. Eu e meu primo ficávamos ouvindo sentados ao lado do fogão caipira, tomando café e comendo pipoca feita com gordura de porco. Após ouvir as notícias meu avô, meu tio e os amigos começavam a contar causos de assombração. O duro era dormir com a lamparina apagada, com medo de que aquelas assombrações fossem aparecer!
Tenho muito orgulho da infância e juventude que tive aqui em Rolândia, dividindo o meu tempo entre a cidade e o sítio. Amo minha região e minha família. Temos aqui uma das melhores terras do mundo e um povo honesto e trabalhador. Sinto saudade daqueles tempos e se pudesse viveria tudo outra vez. Um abraço a todos os norte-paranaenses. Deus abençoe a todos.
José Carlos Farina é advogado em Rolândia
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