Sob pena de multa, professores do PR permanecem fora da sala de aula
               
Justiça determinou retorno imediato dos professores na quarta-feira (5).   Sindicato diz que não foi notificado; quase 1 mi de alunos estão sem aula.
 
            
                
                    
                        
                        
                            
                                
                                    Adriana Justi
                                
                                
                                    
                                        - do G1 PR
(Foto: Fernanda Fraga / RPC)
 
 
 Mesmo após a decisão da Justiça que determinou a volta imediata dos professores e funcionários das escolas públicas estaduais ao trabalho, a quinta-feira (5) começou sem aulas nas escolas do estado. Ao G1,
 o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Educação do Paraná 
(APP-Sindicato), Hermes Leão, informou que ainda não foi notificado 
oficialmente da decisão, mas reiterou que irá recorrer. Os professores e
 funcionários de escolas estaduais estão parados desde o dia 9 de 
fevereiro e mais de 950 mil alunos estão sem aula. 
 Segundo ele, o comando estadual de greve vai se reunir durante a tarde 
com advogados para definir como isso será feito e os próximos passos da 
greve. Até as 8h30, não havia horário e nem local definido.
 A decisão foi proferida pelo desembargador Luiz Mateus de Lima, que 
acatou um pedido do governo do Paraná, exigindo o fim da paralisação. Em
 caso de descumprimento, a categoria está sujeita a multa diária de R$ 
20 mil. "Por enquanto, a nossa orientação é para que todos permaneçam na
 greve mesmo que a gente tenha que arcar com uma parte das multas", 
argumentou Hermes Leão.
 Além da multa, a liminar proíbe que os grevistas impeçam a entrada de 
qualquer servidor nas escolas. Caso isso aconteça, a decisão autoriza o 
uso de força policial para liberar a passagem dos funcionários públicos 
que queiram trabalhar.
 O secretário chefe da Casa Civil, Eduardo Sciarra disse que o pedido 
foi motivado após a demora da APP-Sindicato em organizar uma nova 
assembleia com os grevistas para decidir o futuro da greve.
 A penúltima reunião dos grevistas, antes de o governo encerrar as 
negociações, ocorreu na quarta-feira (25). Já o último encontro dos 
professores foi feito apenas nesta quarta-feira (4), e manteve a 
paralisação.
 “Certos de que fizemos uma negociação com avanço muito significativo, 
entramos na justiça porque sabemos que temos condições de dar inícios às
 aulas. Neste momento, temos que garantir o retorno das aulas aos 
estudantes, que terão que recuperar o tempo perdido em julho ou até o 
fim do ano”, disse Sciarra. Para ele, a pauta da categoria já havia sido
 completamente atendida. Ele explicou que a demora representava uma 
iniciativa política dos professores e não trabalhista.
 O presidente da APP-Sindicato, contudo, reclama da intransigência do 
governo, sobretudo com a posição do governador Beto Richa (PSDB), que 
não compareceu nas reuniões com os professores.
 Volta incerta
 Com a decisão do TJ-PR, a Secretaria da Educação dá como certo o início
 das atividades letivas nas escolas estaduais. O secretário da pasta, 
Fernando Xavier Ferreira, acredita que as escolas vão precisar de cerca 
de uma semana, para organizar as salas de aula, fazer o ensalamento dos 
alunos e dar início aos preparativos para receber os estudantes que 
ainda não iniciaram o ano letivo.
 Por outro lado, o presidente do sindicato diz que a categoria vai 
recorrer da decisão do TJ-PR e não garante que as atividades sejam 
retomadas imediatamente. “A nossa orientação é para que os professores e
 funcionários continuem na greve. Estamos pedindo a paciência das mães e
 pais para que não enviem os filhos para as escolas, por enquanto”, 
pontua Hermes Leão.
 Caso as aulas voltem, o secretário de Educação dá como certa a 
necessidade de se repor o tempo perdido, seja com o corte das férias de 
julho ou com outras medidas. Segundo Ferreira, tudo depende da 
organização que cada escola fará com os conteúdos.
 A paralisação
 As principais reivindicações da categoria são os pagamentos de 
promoções e progressões de carreira que estão atrasados. Quase um milhão
 de alunos da rede estadual estão sem aulas desde o dia 9 de fevereiro, 
quando o ano letivo deveria ter iniciado. A mobilização dos servidores 
reúne cerca de 100 mil pessoas em todo o estado.
 Governo e trabalhadores já se reuniram três vezes para traçar um 
acordo, que, apesar de avanços elencados por ambas as partes, ainda não 
se concretizaram. Entre as propostas da administração estadual está a 
não apresentação de qualquer projeto de lei que suprima direitos dos 
servidores públicos e, em particular, dos educadores.
 
Professores decidiram manter a greve da categoria em assembleia realizada na tarde de quarta (Foto: Daiane Baú / G1)