Para Malucelli, o Londrina tem condições de atrair pelo menos 10 mil pessoas em todos os jogos (Crédito: Gilberto Abelha/JL)
Passada a festa do acesso para a Série B, o gestor do Londrina, Sérgio Malucelli, disse que os olhos estão voltados exclusivamente na busca do título da Série C. O planejamento para o ano que vem, principalmente para o Campeonato Brasileiro só será discutido após o fim da atual temporada.
No entanto, em entrevista para o Jornal de Londrina, Malucelli se mostra muito otimista para 2016. Somente com direitos de transmissão dos jogos pela televisão e com outros incentivos, espera receber entre R$ 6 milhões e R$ 10 milhões. Além disso, com mais visibilidade e um calendário maior, terá melhores condições para negociar com os anunciantes. A bilheteria pode melhorar, com adversários de maior tradição e melhor qualidade.
Como gestor de uma equipe que estará entre os 40 melhores do país, Malucelli também fez duras críticas à Primeira Liga, torneio idealizado pelos presidentes do Atlético Paranaense, Mario Celso Petraglia; e do Atlético Mineiro, Alexandre Kalil. Para o dirigente, a ideia da nova Sul-Minas-Rio é “um absurdo”.
Para o ano que vem, Malucelli promete muita luta e trabalho. “Não vou falar que seremos campeões da Serie B, pois não sou louco, mas vamos brigar pelo título em qualquer campeonato que a gente entrar.”
JL - Depois do acesso, o Londrina passa a pensar no título da Série C do Brasileiro. O Campeonato Paranaense, no entanto, está aí. Qual é a expectativa?
Sergio Malucelli - Não conversei com o Hélio Cury [presidente da Federação Paranaense de Futebol], mas o estadual está muito indefinido, principalmente com esse negócio do torneio Sul-Minas e com o Atlético e Coritiba ameaçando disputar [ o Paranaense] com times mistos. Então vamos pensar na Série C, que não acabou. Alcançamos o primeiro objetivo, o acesso, e agora, vamos buscar o título.
A diferença entre as séries D e C do Brasileiro não é grande. Mas a B é outro patamar?
Você sai do zero na Série C para uma Série B que tem uma receita de R$ 4 milhões para o clube. A CBF não me falou, mas ano que vem, essa receita deve pagar ao clube de R$ 6 milhões a R$ 10 milhões. É outro patamar.
A Caixa Econômica Federal disse que só vai ter um plano de mídia em dezembro. O banco pode ser um patrocinador do Londrina?
Acho muito difícil, pois o Londrina ainda tem muitas pendências [patrocinadores públicos exigem certidões negativas de tributos]. Dificilmente, o clube vai conseguir cumprir todas as exigências da Caixa. Muitos clubes que conseguem patrocínio, nem chegam a receber dinheiro. O Paraná Clube é um exemplo. Até com a nossa patrocinadora, a Sercomtel, estamos sofrendo. Apareceu uma pendência na atualização dos impostos: um carro que era da SM Sports e que foi vendido e não transferido. Com isso, o patrocínio da Sercomtel atrasou dois meses. E o Londrina ainda tem pendência municipais, federais, com a Sanepar, IPTU atrasado. O Felipe [Prochet, presidente do Londrina], está tentando resolver.
No último domingo, o Café recebeu 30 mil torcedores. No entanto, a média de público na Série C é baixa. Por que isso acontece?
Minha cobrança da torcida sempre foi porque estamos numa cidade de 550 mil habitantes, com um entorno de 1,5 milhão. Acho um absurdo um jogo receber 4 mil, 5 mil pessoas. Isso, em um momento de recuperação do clube. Se você pegar a história do Corinthians, você vê que na crise, quando não ganhava nada, angariava até mais torcedores. Aqui é o contrário, sempre tem aquela desconfiança. Temos capacidade para ter 8 mil, 10 mil torcedores por jogo para incentivar o time. Vivemos um momento muito diferente de outros clubes, de recuperação, um time que saiu da segunda divisão do Paranaense para chegar à segunda do Brasileiro. Muitas equipes levam 10, 15, até 20 anos para conseguir isso.
No domingo, deu para ter a percepção de que essa média de público pode mudar?
Acredito nisso, aposto nisso. Tenho certeza que o número de torcedores do Londrina está aumentando. As crianças estão indo ao campo, cada jogo tem mais crianças. São os nossos torcedores do futuro. E os pais vão junto. Uma campanha vitoriosa aumenta o número de torcedores.
Para a Série B, o Estádio do Café deve passar por alguma reforma?
A reforma do gramado está certa. Acabou o campeonato, já começa. O prefeito [Alexandre Kireeff] acabou de ligar para parabenizar [pelo acesso] e marcou uma reunião para amanhã [hoje]. É difícil fazer tudo para o ano quem vem, mas há boa vontade para reformar vestiários, banheiros, bares e cabines de imprensa.
O Londrina vai pleitear um lugar na Primeira Liga?
Nem me passou pela cabeça. Primeiro, porque é um projeto do Mario Celso Petraglia [presidente do Atlético Paranaense], que já deu uma entrevista dizendo que no Paraná só existem dois clubes: o Atlético e o Coritiba. Então, deixe que disputem entre eles, em Curitiba. Não conseguem ganhar no Brasileiro, vão ganhar onde se não for o Paranaense? Estão atrapalhando os estaduais. Não sei como a CBF autoriza um negócio absurdo como este. São 12 clubes, dos 20 que começam o Brasileiro dali a três meses. E isso em sete datas? Um absurdo.
O que a torcida pode esperar em 2016?
Muita luta e muito trabalho, Não vou falar que seremos campeões da Serie B, pois não sou louco, mas vamos brigar pelo título em qualquer campeonato que a gente entrar.
A política será a mesma?
Será como começou, não vamos mudar nossa política nunca, nossa maneira de trabalhar. Começamos nosso projeto assim e vamos até o final. Está dando certo, estamos revelando jogadores e conseguindo conquistas e títulos.
O técnico Claudio Tencati está ficando famoso. Todo final de temporada, a pergunta é se ele fica.
O Tencati não tem um contrato conosco, é um acordo verbal. Mas o procurador do Tencati sou eu e ele vai continuar aqui. Já falei isso e vou repetir: o Tencati só sai daqui se tiver uma proposta muito boa. Um proposta que garanta a ele tempo para trabalhar. Não adianta ir para um clube que após duas, três derrotas, vai mandar embora.