Rolândia confirma primeiro caso de chikungunya
Paciente contraiu a doença durante viagem a Pernambuco; diretor de Vigilância em Saúde diz que bloqueio elimina risco de proliferação
Agentes de saúde fizeram bloqueio no Jardim Nobre, onde dois casos suspeitos de dengue são investigados
Rolândia – Exames do Laboratório Central do Estado (Lacen) confirmaram ontem o primeiro caso de chikungunya em Rolândia, na Região Metropolitana de Londrina. Segundo o diretor municipal de Vigilância em Saúde, Rafael Dias, a paciente, uma mulher de meia idade, contraiu a doença em Pernambuco e sentiu os sintomas quando voltou de viagem. Ela procurou atendimento na cidade no dia 12 de fevereiro e os exames confirmaram a doença.
Dias informou que a equipe da Unidade Básica de Saúde (UBS) de referência visitou a moradora, que reage bem ao tratamento. Segundo ele, os agentes fizeram um bloqueio no bairro e não há mais riscos de surto da doença em decorrência deste caso. "Se não há uma intervenção rápida, o mosquito pode picar o paciente, se contaminar com a doença e espalhá-la rapidamente", explicou. "O começo do ano é um período complicado. Por conta de férias escolares, as pessoas circulam bastante, o que acaba espalhando as doenças", completou.
Além do caso importado de chikungunya, Rolândia já havia registrado um caso importado de zika, confirmado no dia 20 de fevereiro. De acordo com Dias, os dois casos já foram controlados com bloqueios de eliminação dos vetores, no entanto, os moradores não devem se descuidar. "O município tem hoje uma situação mais confortável se comparado a outros que vivem níveis epidêmicos da dengue. Mas isso não quer dizer que podemos baixar a guarda, pois, sem os cuidados, a infestação se alastra muito rápido", advertiu.
Segundo o mais recente boletim divulgado pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), há dois dias, no atual ciclo epidemiológico, que começou em agosto do ano passado, a cidade tem 55 casos confirmados de dengue, sendo 52 autóctones e três importados. Outro caso de chikungunya também é investigado pela Sesa. Pela proporção, o município de 63,3 mil moradores tem uma incidência de 82,13 casos por 100 mil habitantes. É considerada epidemia incidência a partir de 300 casos a cada 100 mil habitantes.
A agente de saúde Eliete Serafim, que trabalha na área há 14 anos, avaliou que o perigo aumentou muito com a chegada da zika e chikungunya. "Mais que nunca a população precisa se conscientizar do risco de deixar o terreno sujo. Os sintomas são severos e, em casos mais graves, pode resultar em morte", reforçou. "Hoje, o morador não pode mais falar que não sabia, o assunto está em todo o lugar."
Na tarde de ontem, os agentes de saúde fizeram um bloqueio no Jardim Nobre, na zona oeste da cidade, onde dois casos suspeitos de dengue são investigados. Larvas do Aedes aegypti foram encontradas em pelo menos duas casas. Alguns terrenos com mato alto também escondiam recipientes com água parada. A dona de casa Fátima Margarida de Assis, de 59 anos, recebeu os agentes e demonstrou preocupação com o risco de contaminação. "Pode ver o terreno, está limpinho. O problema é que não é todo mundo que cuida, né?", lamentou.
O auxiliar de serviços gerais Acácio Benedito Querino, de 62 anos, disse conhecer amigos que sofreram com a dengue e teme pelos parentes. "É uma doença que derruba a gente. Fico muito preocupado em saber que estamos em risco. Sempre converso com os vizinhos para cada um fazer a sua parte", comentou. Dias informou que as próximas quatro semanas estão entre as mais críticas do ano em relação à infestação pelo mosquito e pediu a empenho da população no combate aos focos.
Celso Felizardo
Reportagem Local