Interior de SP tem pedágio incendiado e depredação; veja vídeo
LUCAS SAMPAIO
ENVIADO ESPECIAL A COSMÓPOLIS (SP)
ENVIADO ESPECIAL A COSMÓPOLIS (SP)
No terceiro e maior protesto em seis dias contra a tarifa do pedágio das praças Paulínia A e B, na rodovia Professor Zeferino Vaz (SP-332) --que liga Campinas a Mogi Guaçu--, manifestantes atearam fogo nas cabines do pedágio, houve confronto com a PM e dois ônibus foram incendiados. A Prefeitura de Cosmópolis (a 135 km de São Paulo) também foi apedrejada.
O grupo é formado principalmente por moradores de Cosmópolis. Eles dizem que a maioria da população estuda e trabalha em Paulínia e na região metropolitana de Campinas e que a tarifa dos pedágios de Paulínia A e B, R$ 6,20 e R$ 8,60, respectivamente, é abusiva.
Nas outras duas manifestações, que ocorreram na sexta (28) e na segunda (1º), houve atos isolados de vandalismo.
Hoje, cerca de 30 manifestantes se reuniram por volta das 5h no km 140 da rodovia, em um das entradas da cidade. Eles fecharam a rodovia nos dois sentidos e caminharam até o km 135, onde fica a praça Paulínia A. Ao chegar ao pedágio, o grupo já reunia mais de 300 manifestantes.
1º CONFRONTO
Desta vez, um grupo entrou em confronto com a PMR (Polícia Militar Rodoviária) --responsável pelo patrulhamento em estradas estaduais de São Paulo e que fazia a segurança do local-- após um manifestante, que dirigia uma picape com pneus na caçamba que seriam utilizados para atear fogo, ser detido. Um carro da PMR foi vandalizado e o motorista da picape, solto.
A imprensa foi hostilizada e todas as cabines da praça foram incendiadas. Profissionais da EPTV (afiliada da TV Globo na região) e da Record foram agredidos e tiveram equipamentos roubados pelos manifestantes --que os arremessaram no fogo.
O ataque ocorreu por volta das 8h20, segundo a Rota das Bandeiras --concessionária da Odebrecht que administra a rodovia--, e foi controlado às 8h40, após intervenção da PM, que dispersou os manifestantes. Um caminhão pipa da concessionária conseguiu controlar o fogo por volta das 9h.
O grupo então interditou a rodovia nos kms 140 e 143 da SP-332, nos dois principais acessos da rodovia à cidade, e novamente houve confronto com a polícia em ambos os trechos.
Na entrada do km 140, um ônibus da empresa Princesa D'Oeste foi queimado. No km 143, os manifestantes bloquearam a estrada que liga a rodovia à Anhanguera, por onde a Rota das Bandeiras fez o desvio do trânsito nos outros dois protestos.
PREFEITURA
Os manifestantes entraram na cidade e se dirigiram para a prefeitura. Por volta das 12h, cerca de 500 pessoas, entre manifestantes e curiosos, estavam nas ruas em volta do prédio, no centro da cidade.
A PM foi chamada novamente e dispersou os manifestantes enquanto uma comissão formada por quatro integrantes do movimento conversava com o prefeito da cidade, Antônio Fernandes Neto (PMDB), e o secretário municipal de Segurança Pública e Transporte, Carlos Alexandre Braga.
Cerca de 60 guardas municipais faziam a proteção do local, mas pedras foram arremessadas contra o prédio e diversos vidros foram quebrados. Também foram arremessadas bombas caseiras, que explodiram no chão, e sacos de lixo e lixeiras foram incendiados nas proximidades do local.
Um carro-forte que tentou passar no meio da multidão teve de retornar após ser atingido por pedras. O comércio fechou em razão do clima tenso. O grupo só foi dispersado com a chegada da PM, que utilizou bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo.
No confronto, um homem arremessou uma garrafa contra os policiais. Eles revidaram com bombas que atingiram um bar, onde havia cerca de 15 clientes, que não participavam das manifestações. Houve corre-corre.
A Polícia Militar prendeu ao menos dez pessoas por suposto dano ao patrimônio, segundo o delegado do Distrito Policial de Cosmópolis, Fernando Periolo.
Os manifestantes reivindicam o fim da cobrança do pedágio para os moradores de Cosmópolis, a redução da tarifa em pelo menos 50% para os demais veículos e a não cobrança de eixos suspensos em caminhões.
Segundo os organizadores dos três protestos, os moradores da cidade aceitam a implantação do pedágio ponto a ponto, que cobra por quilômetro rodado e não um preço fixo, em vez das duas primeiras reivindicações.
Eles ressaltaram, no entanto, que a implantação do sistema pode demorar e as primeiras duas reivindicações devem valer enquanto o novo sistema não for implantado.
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