Corol negocia dívidas que devem chegar a R$ 800 mi
Valor é 166% maior que o divulgado no último balanço da cooperativa; técnicos adiaram anúncio de auditoria por divergências em números desde 2009
Os diretores da Corol Cooperativa Agropecuária se reuniram ontem, em Curitiba, com os maiores credores da organização de Rolândia, para negociar dívidas estimadas em R$ 800 milhões. Apesar de a auditoria interna contratada em julho não ter acabado ainda, o assessor jurídico da associação, Anacleto Giraldeli Filho, diz que há informações de que o valor seja 166% maior do que os R$ 300 milhões do último balanço, relativo a 2011.
No encontro de ontem, o advogado e o presidente da Corol, João Menolli, pediram paciência aos principais credores da cooperativa, instituições como o Banco do Brasil, o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) e a Fertipar Fertilizantes. Eles, que assumiram o grupo em julho, buscaram convencer os executivos de que as dívidas são altas e que é melhor para todos que sejam quitadas. A outra opção é que a cooperativa seja liquidada em leilões, o que reduziria o valor arrecadado. "Temos R$ 800 milhões em dívidas e R$ 400 milhões em patrimônio, então muita gente ficaria sem receber", diz Giraldeli Filho.
A cooperativa sofre com a ameaça de processos antigos, que pedem a venda das instalações do grupo em leilões para quitar débitos. No início deste mês foi anunciado que itens como a sede, a fábrica de sucos e os barracões seriam vendidos pelo maior lance no dia 5 de dezembro, mas Giraldeli Filho conseguiu cancelar o pregão. "Mostramos avaliações de mercado recente que comprovaram que existiam instalações que seriam vendidas por R$ 7 milhões, quando na verdade valiam R$ 45 milhões. O juiz da 2ª Vara da Fazenda Pública de Londrina entendeu que a venda não poderia ser por valor vil."
Os representantes da Corol dizem que a auditoria não acabou ainda porque foram identificados erros nos balanços desde 2009, ano em que a associação entrou em crise. "Os técnicos não aceitaram fechar os números de 2012 porque os de 2009 a 2011 estavam maquiados", diz o advogado. Ele diz que a situação não é boa, mas que é possível resolvê-la.
A Corol contratou a PricewaterhouseCoopers para fazer o balanço patrimonial e a Martinelli Advocacia Empresarial para levantar questões societárias, trabalhistas, previdenciárias, tributárias, cíveis e certidões. Quem analisa o patrimônio e determina o valor de mercado da cooperativa é a Engeval Engenharia de Avaliações. A expectativa dentro da cooperativa é que os números finais sejam finalizados até o próximo dia 15, para que depois sejam apresentados aos associados, em assembleia.
A Corol enfrenta uma crise desde 2009 e entrou em racha interno no início deste ano. Um grupo de 600 produtores havia assinado 903 Notas de Crédito Rural (NCRs), no valor de R$ 15 milhões. A administração anterior usou os papéis como garantia na busca por crédito com o BRDE, mas não quitou as NCRs e alguns cooperados acabaram com o nome executado no Serasa.
Como a diretoria anterior não havia apresentado o balanço de 2012 até junho, o que é exigido pelo estatuto da Corol, uma comissão de associados forçou a destituição da administração da cooperativa, em assembleia. O mesmo grupo, capitaneado por Menolli, assumiu a cooperativa em julho, com a missão de renegociar as dívidas.
Fábio Galiotto - Reportagem Local
COMENTÁRIO - QUE LÁSTIMA!... R$ 800 MILHÕES.... Uma diretoria que se dizia "a melhor"... falência de uma cooperativa onde todos os agricultores sempre ajudaram comprando, armazenando e pagando por todos os serviços prestados. Mesmo obtendo ajuda financeira dos Bancos oficiais não livrou a instituição da falência. Enquanto isso a COCAMAR e COAMO ( aqui do lado ) apresentam sucessivos superávits e distribuição de lucros aos seus cooperados. É LAMENTÁVEL!... JOSÉ CARLOS FARINA
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