São Paulo – Um relatório do Comitê da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre os Direitos da Criança pede que o Vaticano afaste de seus cargos todos os integrantes do Clero que abusaram sexualmente de crianças e os denuncie à Justiça. Já o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, por sua vez, disse que a Igreja afronta os casos de pedofilia "com transparência".
O comitê pede à Santa Sé para "afastar de imediato de suas funções todos os autores conhecidos e suspeitos de abusos sexuais de crianças, assim como denunciá-los às autoridades competentes para que os investiguem e sejam processados".
O relatório foi divulgado após uma audiência realizada no mês passado em Genebra, em que os membros da comissão, composta por 18 especialistas em direitos humanos de todo o mundo, questionaram o Vaticano sobre sua política contra a pedofilia.
No relatório, a comissão afirma que a Igreja Católica não fez o suficiente para cumprir o seu compromisso de erradicar a pedofilia.
"O comitê da ONU sublinha a sua profunda preocupação com o abuso sexual de crianças por membros de igrejas católicas que operam sob a autoridade da Santa Sé", aponta o relatório.
"A Comissão está muito preocupada que o Vaticano não reconhece a extensão dos crimes cometidos, não tomou as medidas apropriadas para lidar com casos de pedofilia nem tomou medidas para proteger as crianças", acrescenta.
O relatório critica especialmente a política de trocar padres pedófilos de paróquia, uma prática considerada tentativa de encobrir os crimes e evitar que os autores sejam julgado pelas autoridades civis.
De acordo com o relatório, "a prática tem permitido a muitos sacerdotes permanecerem em contato com as crianças e continuarem a abusar delas".
Vaticano
Em encontro da Conferência Episcopal Espanhola, Federico Lombardi disse que a Igreja afronta os casos de pedofilia com transparência e explicará nas próximas semanas o funcionamento de uma comissão criada para preveni-los.
A Santa Sé disse em comunicado que irá submeter a "minuciosos estudos e exames" as acusações recebidas da ONU, mas também vê as ações como uma "tentativa de interferir no ensinamento da Igreja Católica, sobre a dignidade das pessoas e no exercício da liberdade religiosa", no que diz respeito a pontos do relatório relacionados aos ensinamentos da Igreja sobre anticoncepcionais e aborto.
Folhapress
Nenhum comentário:
Postar um comentário