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ROLANDIA E O NORTE DO PARANÁ

terça-feira, 19 de agosto de 2014

CINEMA EM ROLÂNDIA

FOLHA DE LONDRINA

7ª ARTE - Muito além de uma experiência cinematográfica

Alunos do distrito Nossa Senhora Aparecida, de Rolândia, participam de gravação de longa-metragem maringaense

Casa de madeira, que pertenceu há 70 anos a um professor alemão que dava aulas na fazenda, foi escolhida para rodar as cenas principais do filme
Fotos: César Augusto
No terreirão, as crianças brincaram de "motorista e passageiro", em que a cooperação é fundamental para a brincadeira acontecer
Proprietário da fazenda, Daniel Steidle, aproveitou a realização do filme para ampliar a reflexão das crianças no sentido delas valorizarem o lugar em que moram
"Foi muito legal porque ajudou a despertar a atenção sobre o cotidiano deles, os aspectos positivos do ambiente em que moram", observa Aline Zamcope
Foi na Fazenda Bimini, em Rolândia, que o cineasta maringaense Érico Alessandro encontrou a locação perfeita para o seu longa-metragem "A Casinha", que será lançado até o fim do ano. Conhecida pelo trabalho ambiental que realiza de forma voluntária há quase 20 anos, a propriedade rural preserva a estrutura original das antigas casas de madeira típicas da região, fator fundamental para a escolha do cenário do filme. Uma dessas casas, que pertenceu há 70 anos a um professor alemão que dava aulas na fazenda – o professor Bock (apelidado pela comunidade como "professor Bode") – foi escolhida para rodar as cenas principais. No distrito Nossa Senhora Aparecida, em Rolândia, mais conhecido como Bartira, ainda é comum encontrar residências feitas em madeira e a pequena localidade também fez parte das gravações, assim como as crianças que moram no local. 


E surgiu do proprietário da fazenda, o ambientalista Daniel Steidle, aproveitar a realização do filme para ampliar a reflexão sobre o sentido simbólico das casas, que representam significativamente a nossa "demarcação" no mundo. "Achei que era uma oportunidade interessante para trabalhar esse assunto com as crianças do Bartira, até no sentido delas valorizarem o lugar em que moram e prestarem atenção na beleza que existe na simplicidade do ambiente delas", ressalta. 

Já no primeiro dia de filmagem – há duas semanas -, um grupo de 56 crianças da Escola Municipal Nossa Senhora Aparecida, do Bartira, foram até à fazenda para conhecer a famosa casa de madeira e participar de algumas atividades lúdicas e recreativas. Como parte do programa, elas assistiram no Cine Paiolzão (uma sala de exibição de filmes adaptada em um antigo paiol) o registro audiovisual do projeto "Meu Ambiente", realizado em 2009, que consistiu na captação de algumas imagens feitas no Bartira pela fotógrafa Lily Solmssen Moureaux, de Nova York, que se encantou com as belezas locais. Detalhes de jardins, animais, crianças brincando na rua e artesanato do distrito fizeram parte do trabalho. 

Admirados com o que viram, já que foi a primeira vez que assistiram ao pequeno documentário, depois seguiram para atividades ao ar livre, em um ambiente marcado pela exuberância da natureza. No terreirão, brincaram de "motorista e passageiro", uma divertida atividade numa espécie de carrinho de rolimã em que a cooperação é fundamental para a brincadeira acontecer. Em seguida, se divertiram na trilha aérea montada entre os troncos dos pés de jambolão e no balanço à sombra das árvores. "A nossa ideia era que com essas atividades reforçássemos neles a importância de preservar esse contato com a natureza, que ainda é bastante presente no lugar em que moram", lembra Steidle, durante as atividades. 

Depois de muita diversão, foi a vez dos alunos conhecerem "a casa de madeira do professor Bock", que também já serviu de locação para o premiado curta-metragem londrinense sobre o agricultor e fotógrafo japonês Haruo Ohara (1909-1999), feito em 2010 pelo cineasta Rodrigo Grota. Atentos a todos os detalhes sobre a história do local, entram na casa a passos lentos, pisando com cuidado no assoalho de madeira tão bem preservado. Todos os cômodos foram observados com atenção e a altura mais baixa das paredes foi um dos diferenciais comentados por eles. Através das janelas empoeiradas, um ambiente repleto de história para ver e contar. 

A professora Aline Spanguemberg Zamcope, que acompanhou a turma do quinto ano, aprovou a iniciativa e comentou que a atividade acabou por vir ao encontro da preparação que está sendo feita atualmente para a Olimpíada da Língua Portuguesa, cujo tema da redação esse ano é "O lugar onde vivo". "Foi muito legal porque ajudou a despertar a atenção sobre o cotidiano deles, os aspectos positivos do ambiente em que moram. Sinto que a maioria dos alunos gosta de morar no Bartira e valoriza o que tem", observa a educadora.

Ana Paula Nascimento

Reportagem Local

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