FOLHA DE LONDRINA
Prefeitura assume gestão de hospital em Rolândia
Prefeito anuncia auditoria para levantar situação financeira da unidade
Com dívida estimada de R$ 15 milhões, Hospital São Rafael ficará sob intervenção municipal por seis meses
Em crise financeira e com uma dívida de aproximadamente R$ 15 milhões, o Hospital São Rafael vai passar por uma intervenção municipal, confirmada ontem pela Prefeitura de Rolândia, que vai assumir a administração pelo período de seis meses, conforme decreto municipal. Além do problema no caixa, o hospital também passa por uma crise administrativa desde junho, quando uma nova diretoria foi eleita, mas não assumiu a instituição, alegando falta de informações sobre a situação financeira da unidade. O mandato dos antigos gestores, da Associação Beneficente São Rafael, terminou no final de junho e uma comissão voluntária assumiu a administração até o decreto municipal.
O prefeito de Rolândia, José de Paula Martins (PSD), informou que uma nova diretoria será nomeada pelo município e uma comissão deve fiscalizar os trabalhos e serviços prestados no hospital, que atende outros sete municípios na microrregião. "Nosso objetivo é realizar uma auditoria, já que não existia prestação de contas no hospital. As primeiras informações são de que a dívida pode chegar até R$ 15 milhões, mas é necessário avaliar os documentos e notas para comprovação. Como não houve a intervenção do Ministério Público, assinamos o decreto de requerimento administrativo para evitar o fechamento do local", afirmou. Em agosto, o Consórcio Intermunicipal de Saúde do Médio Paranapanema (Cismepar) cogitou a possibilidade de assumir a administração do São Rafael, o que foi descartado posteriormente.
REPASSES
Martins também comentou que a prefeitura pretende "legalizar" a situação do hospital em relação às certidões, o que impede repasses municipais e de programas do governo estadual. "Vamos ampliar o atendimento do Pronto Atendimento do município de 18 horas para 24 horas para diminuir a sobrecarga no São Rafael", acrescentou o prefeito, que se reuniu ontem com o secretário estadual de Saúde, Michele Caputo Neto, para confirmação do repasse mensal de R$ 200 mil para o hospital. Após a conclusão da auditoria e regularização documental, o prefeito não descarta a renovação do decreto, caso nenhum interessado seja encontrado para administrar o hospital.
De acordo com o decreto municipal, a Associação Beneficente São Rafael não presta contas "mesmo instadas a se manifestar, não efetuou o pagamento de impostos e encargos incidentes sobre a folha de pagamento do quadro de pessoal e não efetuou o pagamento de obrigações perante vários fornecedores." Além disso, o documento ainda aponta para falhas de gestão e transparência, "ocasionando o iminente risco de seu fechamento e colapso à saúde da população."
OUTRO LADO
Segundo Martins, o decreto de requerimento administrativo também prevê o afastamento dos atuais diretores. O presidente da comissão de voluntários, José Danilson Alves de Oliveira, ex-prefeito de Rolândia, afirmou que o grupo assumiu temporariamente a administração do hospital durante três meses. No entanto, ele rebateu a informação sobre a falta de prestação de contas e problemas nas certidões. "Conseguimos a regularização na Justiça e o hospital está apto a firmar convênios. Além disso, apresentamos um balanço das contas neste período. Só para o INSS, o São Rafael deve R$ 3 milhões, fora o passivo trabalhista", acrescentou. Oliveira defendeu medidas para que o hospital se torne sustentável, já que 95% dos atendimentos são realizados via Sistema Único de Saúde (SUS).
Rafael Fantin
Reportagem local
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