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quarta-feira, 7 de outubro de 2015

REBELIÃO DA PEL DE LONDRINA AINDA SEM SOLUÇÃO

FOLHA DE LONDRINA

Rebelião na PEL II deixa dois presos feridos


Detentos reclamam da opressão por parte de alguns agentes, da falta de assistência dentro da unidade e de refeições estragadas

Rei Santos
Familiares de presos que se comunicavam com os rebelados por celular disseram que eles exigem a troca do diretor da unidade
Gustavo Carneiro
Em menos de 15 minutos, os presos abriram celas, invadiram galerias e subiram para o telhado da penitenciária
Anderson Coelho
Em 2014, Paraná registrou 24 motins e mais de 50 servidores foram feitos reféns por grupos que dominaram presídios


Presos da Penitenciária Estadual de Londrina (PEL II) se rebelaram por volta das 10h30 de ontem, quando agentes penitenciários conduziam um dos detentos, que havia passado por atendimento médico, para dentro das celas. Dois presos que pularam das galerias durante a rebelião ficaram feridos e foram encaminhados ao hospital. Nenhum agente foi feito refém. Até as 22 horas, as negociações não haviam terminado. 
Conforme um dos agentes, que preferiu não se identificar, seis presos, armados com facas, ameaçaram os funcionários. A rebelião teve início na galeria 21 da penitenciária. O local estratégico fica no centro da PEL II, entre as 30 galerias com capacidade para abrigar 960 presos. No momento da rebelião havia 1.140 detentos na penitenciária. 
Após serem ameaçados, funcionários da unidade, agentes e servidores do setor administrativo correram para o lado de fora, de onde acompanharam toda a movimentação. Aproximadamente 30 agentes trabalhavam na PEL II no momento em que começou o motim. Nenhum deles foi feito refém. Segundo informações da Polícia Militar (PM), apenas detentos permaneceram na unidade. 
Em menos de 15 minutos, os presos abriram o restante das celas, invadiram as demais galerias e subiram para o telhado da penitenciária. Em direção à rua, eles lançaram objetos, pedaços de madeira, quebraram telhas, janelas e atearam fogo nos fundos e na entrada da PEL II. Os detentos escreveram "PCC" em um lençol branco e exibiram a sigla do Primeiro Comando da Capital. Eles passaram a ameaçar reféns, que eram levados para o telhado da unidade. 
Policiais do Pelotão de Choque e do Grupamento Aeropolicial (Graer) cercaram a penitenciária. A área permaneceu isolada apenas para a circulação dos policiais e dos envolvidos na negociação. Familiares acompanharam a movimentação a distância, mas a todo instante entravam em contato com os presos por meio de celulares. Os detentos reclamam da opressão por parte de alguns agentes, da falta de assistência dentro da unidade e de refeições estragadas que estariam sendo servidas pelos funcionários. 
"Trabalho há oito anos aqui. A gente convive com esse medo todos os dias. Entrei na carreira por causa do salário, da estabilidade. Mas isso aqui é risco de vida. É uma bomba relógio. Ameaças a gente sofre todos os dias. O negócio é aguentar até onde der. O pessoal que trabalha aqui, trabalha por amor. A carreira já está muito desvalorizada", lamentou um funcionário da PEL II, que assistia a depredação da unidade. Ele preferiu não ser identificado. 
Durante a tarde, quatro presos permaneceram amarrados próximo do beiral da galeria frontal da PEL II. Eles foram agredidos inclusive com máquinas de choque e a todo momento eram vítimas de ameaças por parte dos presos de facções rivais. Alguns deles chegaram a ficar pendurados em cima do prédio. Dois presos pularam de cima das galerias e ficaram feridos. Eles foram encaminhados a hospitais locais pelo Siate. 
Além de destruir as celas, vidraças e o telhado, os detentos incendiaram o setor administrativo da unidade. As chamas se alastraram rapidamente e provocaram uma grande fumaça preta. Outros focos menores também foram registrados. O porta-voz da PM, Ricardo Eguedis, contou que as negociações foram iniciadas e que os presos fizeram exigências por melhores condições na unidade. 
Familiares de presos que se comunicavam com os rebelados por telefone disseram que a troca do diretor da unidade também é uma exigência. No cordão de isolamento, a situação também era tensa. Viaturas e policiais foram apedrejados por pessoas que se aglomeravam para acompanhar a rebelião. Alguns familiares rechaçaram os ataques. 
Até as 22 horas o clima ainda era de tensão. As luzes do presídio foram todas apagadas. A polícia cercou a unidade prisional para evitar fugas. A operação mobilizou cerca de 150 policiais. As negociações eram conduzidas por especialistas da PM de Curitiba. O chefe do Departamento Penitenciário do Paraná, delegado Luiz Alberto Cartaxo de Moura, e o juiz da Vara de Execuções Penais (VEP) de Londrina, Katsujo Nakadomari, acompanharam as negociações.
Viviani Costa e Celso Felizardo

Reportagem Local

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