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Os segredos do coração
Saber escolher - e descartar - os alimentos é o caminho para prevenir doenças cardiovasculares
Para prevenir doenças do coração há quem tome uma taça de vinho tinto por dia. Mas o que é realmente verdade no que se refere a esta questão? Que hábitos fazem diferença na proteção do coração? De acordo com o médico cardiologista Evander Botura, tudo o que se discute a respeito de prevenção cardíaca está diretamente relacionado a um tripé já conhecido pela maioria dos brasileiros: ''Não dá para falar deste assunto se não levarmos em conta estes três quesitos básicos'', afirma.
O hábito de fumar é inimigo do coração porque as toxinas do cigarro provocam lesão nas artérias, o que leva à oclusão e enfraquecimento dos vasos sanguíneos (arteriosclerose). Segundo Botura, o tabagismo é uma das principais causas de amputação de pernas no mundo. Além disso, o cigarro causa enfisema pulmonar, bronquite crônica, câncer de pulmão, câncer de bexiga, diabetes e doenças coronárias. A arteriosclerose também pode ser provocada pela falta de atividade física regular, por isso o sedentarismo é considerado um dos três vilões do coração.
A alimentação vem ganhando espaço na mídia e muitas pessoas estão mudando hábitos e buscando produtos mais saudáveis. O cardiologista afirma que os alimentos com fibras têm a capacidade de reduzir a pressão arterial em pacientes hipertensos. ''Além disso, quando a pessoa consome fibras deixa de comer carboidratos mais refinados. Esta substituição na alimentação ajuda a reduzir o risco cardiovascular'', explica.
As gorduras nem sempre são maléficas ao coração. De acordo com Botura, a gordura contida na carne e nos derivados do leite é prejudicial. Já a do peixe (ômega 3) e dos óleos vegetais (ômega 6) é saudável. ''Foi comprovado que o consumo de ômega 3 tem efeitos benéficos sobre a frequência cardíaca, pressão arterial e nível de triglicérides'', diz. Ele acrescenta que os óleos vegetais, principalmente o de oliva e o de canola, melhoram os fatores de risco cardiovascular e reduzem eventos relacionados à doença arterial coronária.
O médico destaca que o consumo de cápsulas com suplementos não substitui a ingestão das frutas e verduras. ''Podemos afirmar que o consumo destes alimentos está associado ao menor risco de acidente vascular cerebral (AVC) e diabetes e tem benefícios sobre a pressão arterial e a gordura do sangue'', observa. Botura orienta que as pessoas reduzam o consumo de carne processada (mortadela, salsicha, salame, linguiça...) e aumentem a ingestão de chá verde.
Questões polêmicas em torno da saúde cardiovascular envolvem chocolates e álcool. Porém, de acordo com o cardiologista, o chocolate amargo pode ser consumido. ''Ele possui substâncias responsáveis pela redução da pressão arterial e tem efeitos antiinflamatórios e antioxidantes'', explica. Segundo ele, estudos comprovam que 6,3 gramas de chocolate amargo por dia são suficientes para reduzir a pressão arterial.
O consumo de álcool não é indicado, mas pode ser mantido pelas pessoas que têm este hábito, desde que seja de forma moderada. ''O paciente pode manter o hábito moderadamente se praticar atividades físicas e tiver uma alimentação saudável. A orientação depende de cada caso e precisa ser avaliada pelo médico'', pondera.
O cardiologista alerta que a ingestão excessiva de sal tem um papel primordial no surgimento da hipertensão arterial, por isso é recomendável a sua redução. ''Na hora de fazer as compras as pessoas devem ficar atentas para a quantidade de sódio dos alimentos. O ideal é que cada um consuma até 2,9 gramas de sal por dia.''