FOLHAWEB - foto by FARINA
Ao agregar frutas, hortaliças e legumes frescos, proteínas magras (com maior consumo de peixes e frutos do mar), castanhas, azeite extravirgem e uma pequena dose diária de vinho tinto, a dieta mediterrânea ganhou o mundo da gastronomia nos últimos 20 anos, à frente da Nouvelle Cuisine, de origem francesa, com suas delícias à base de creme de leite fresco, manteiga e chocolate, mas nem sempre muito saudáveis.
A longevidade e o bem-estar parecem ser marcas registradas dos povos mediterrâneos e é quase inevitável não pensarmos nos gregos quando se fala desse tipo de dieta, embora ela seja muito mais abrangente. São vários os países banhados pelo Mar Mediterrâneo, mas alguns têm maior destaque devido a sua gastronomia: Itália, França, Grécia, Espanha, Líbano e Marrocos, cada um com sua peculiaridade.
Por exemplo, a cebola, alho, ervas, grelhados, muito peixe e frutos do mar, legumes frescos, alcaparras, azeitonas, carneiro, frutas secas e frescas, vinho, iogurtes e queijos são os principais ingredientes que nos remetem à culinária mediterrânea, mas cada país tem sua própria característica. O uso de canela, alho, manjerona e azeite significa Grécia. Já o cominho, páprica, limão, pimenta caiena, canela marcam a culinária do Marrocos. O alecrim é usado em todos os países do mediterrâneo, alguns em maior quantidade como é o caso da Itália.
Os frutos do mar são importantíssimos, mas sua preparação é simples para não perderem suas características. Geralmente grelhados, assados ou no vapor, são acompanhados de molhos preparados à parte. As carnes vermelhas não têm um papel fundamental na maioria dos países. Os legumes e hortaliças, frescas, assadas ou grelhadas, tomam um espaço significativo.
Mas se engana quem pensa que a comida caseira tradicional brasileira não seja também saudável e balanceada. ''O nosso arroz com feijão é uma mistura extremamente nutritiva, e normalmente a refeição básica do brasileiro vem acompanhada de uma carne, um legume refogado e uma salada. A questão é a quantidade que se come'', comenta o chef Ernesto Diez, do Empório Araçá.
Ele aposta na ''releitura'' brasileira da comida mediterrânea com o ''Camarão à Oleide'', denominado assim em homenagem à amiga Oleide Lelis, regente bastante conhecida da cidade. Preparado com camarões grelhados e flambados com legumes, servido com arroz branco e salada mista com molho pesto de manjericão, o prato é leve e saboroso. ''Na culinária mediterrânea, o arroz branco e soltinho não é tão presente, mas aqui não pode faltar. Na salada, além das folhas frescas, o toque mediterrâneo se faz presente nas nozes do molho pesto feito com manjericão. E não abro mão de um bom azeite de oliva'', comenta Diez.
Já o chef Olynto Lemos, do Baro Bistrô, fez sua releitura ''mediterrânea'' com o ''Namorado com banana-da-terra'', que é servido com arroz branco preparado com lascas de Castanha-do-Pará (agora denominada ''Castanha-do-Brasil'') e molho de peixe com uvas-passas. ''Ao invés das castanhas europeias, optei por uma espécie nacional, que também é muito saborosa e nutritiva. O arroz branco não pode faltar e a banana-da-terra também é cultivada em algumas regiões da África e importada por outros países também banhados pelo Mar Mediterrâneo'', destaca.
No caso de um maior consumo de peixes e frutos do mar na dieta mediterrânea em comparação com a brasileira, Lemos acredita que isso se deve ao fator cultural associado ao alto custo da maioria desses produtos. ''O custo é um fator limitador. Só para se ter uma ideia, o camarão recentemente teve uma alta de 45%, após um ano e meio sem variação de preço, mas ainda há opções mais baratas de peixes, como a tilápia e a sardinha'', cita. Um incentivo a mais para acrescentar semanalmente esse ingrediente reconhecidamente saudável na nossa dieta diária. Aliás, muitos dos ingredientes que compõem a dieta mediterrânea são facilmente encontrados no Brasil. O que vale é a combinação saudável dos alimentos. Vida longa a todos.
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