‘O antigo está cada vez mais raro’
A lambreta é um dos orgulhos de Antônio Quareli, que tem uma loja de antiguidades em Rolândia
Rolândia - Sentado em uma legítima cadeira de barbeiro, Antônio Quareli, de 63 anos, recebe quem chega em sua loja de antiguidades localizada bem no Centro de Rolândia (Região Metropolitana de Londrina) e que atrai gente de todo canto. "Esses dias uma moças vieram de São Paulo e levaram uma penteadeira para colocar em uma butique retrô", conta orgulhoso. Depois de trabalhar 25 anos como vendedor e mais 15 como gerente, Quareli assumiu o próprio negócio há cinco anos, mas diz que tem a atividade como hobby. "Hoje tenho mais flexibilidade, faço meus horários, mas preferi não ficar em casa brigando com a mulher", brinca.
Cercado por uma infinidade de objetos antigos, o comerciante admite que não faz ideia do tamanho de seu acervo e garante que não tem apego a nada. Da carranca que fica na calçada às raridades que exibe com destaque, tudo está à venda. Entre as peças que mais se orgulha estão as lambretas. O modelo LD 1957 Standard é todo original, assim como o LI Minissaia azul. Num piscar de olhos, ele sobe na lambreta, pisa no pedal e faz o motor funcionar, comprovando que tudo está em ótimas condições. "Tem gente que vem aqui só pela paixão pelas lambretas e diz que volta no tempo. Sabia que na década de 1950 o garoto-propaganda da lambreta no Brasil era o Elvis?"
No local onde funciona uma oficina de radiadores, Quareli reúne peças que por si só contam história. As bicicletas impulsionaram o negócio e ainda são o carro-chefe, mas há espaço para muitas magrelas antigas, relógios de parede, máquinas de costura e radiolas modelo capelão, de quase 70 anos atrás para lá de imponentes. É possível encontrar ainda escovões de limpeza que deixavam o piso vermelhão brilhando, fogões a lenha, marocas e até um berimbau. "Tenho projetor de slide, gravador de rolo, carrinho de chá, discos de vinil e ferramentas", vai falando.
Com vasta experiência no comércio, o dono da loja considera-se um bom negociador e diz que 90% da clientela desdenham do que quer comprar na tentativa de facilitar a pechincha. "Mas eu sei dos valores das coisas e o antigo está cada vez mais raro", avisa.
Casado há 34 anos e pai de "duas filhas bem criadas", o comerciante de antiguidades considera estas suas maiores joias. "Elas são advogadas. Meu sonho é me mudar de lugar e fazer um antiquário bem bonito para deixar para elas", confidencia.
Os ‘tops’
Entre os objetos mais procurados, a roda de carroça ocupa o primeiro lugar. Depois vem a ferradura e logo atrás estão os pés de mesa de máquina de costura. "Esses dias vendi um modelo aranha da Singer, uma raridade e muito procurado para fazer base de aparador. Já tive farol de carbureto e recentemente vendi meu farol de carruagem", comenta.
Numa época dominada pela tecnologia, o comerciante mostra um relógio de ponto "para controlar vigilantes noturnos", que precisa dar corda de hora em hora. "Quem usou isso tem a maior raiva porque não podia cochilar", diz. No meio da tarde um senhor chega à procura de um motor de 110 volts para equipar a máquina de de moer cana e alimentar o gado. E assim é a rotina na loja: cada cliente é uma surpresa. Walkiria Vieira - Equipe NossoDia
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