FOLHA DE LONDRINA
Enchente desaloja famílias em Jataizinho
Com cheia de 3,5 metros do Rio Tibagi, água do afluente Ribeirão Jataizinho invadiu regiões de fundo de vale
Por ter dificuldades de locomoção, Fidelina Pardim teve que ser resgatada na pá de uma máquina escavadeira da prefeitura
Defesa Civil calcula que 50 casas foram afetadas; seis famílias tiveram que deixar suas casas
Jataizinho – A Defesa Civil de Jataizinho retirou seis famílias de suas casas na tarde de ontem por conta de uma enchente do Ribeirão Jataizinho. As fortes chuvas que atingiram a região desde a noite de domingo fizeram o Rio Tibagi subir a 3,5 metros acima do nível normal. Segundo o coordenador da Defesa Civil Municipal, Dorival Pereira Duarte, com a cheia do rio principal, as águas do Ribeirão Jataizinho ficam represadas e avançam sobre as casas construídas nos fundos de vale.
As regiões mais atingidas foram as vilas Frederico Lucarevisk e Maria Julia, na zona norte da cidade. Durante a chuva da manhã, a água começou a se acumular na Rua Tibagi, ao lado do Estádio Dionísio Striquer. Um cadeirante foi retirado às pressas por parentes e uma idosa com dificuldades de locomoção foi resgatada na pá de uma máquina escavadeira da prefeitura. "Eu tive muito medo, achei que não ia conseguir sair de lá. Cada centímetro que a água avançava, o desespero aumentava", relatou a aposentada Fidelina Pereira Pardim, de 72 anos.
Os moradores acompanharam apreensivos a enchente. Por volta das 15 horas, a água chegou ao portão da primeira casa atingida. A dona de casa Daniela Carneiro de Souza, de 29 anos, se apressou a retirar móveis, mas muita coisa ficou para trás. "Retiramos o que deu, mas alguns móveis de madeira estragaram", contou. Em menos de uma hora, a casa já estava tomada. A água alcançou três palmos dentro da casa. "Esse muro do estádio não deixa escoar a água. Toda vez que tem cheia alaga tudo aqui", reclamou.
Na Rua Almir Daschevi, algumas crianças usaram uma caixa d’água de plástico com capacidade para 2 mil litros como bote para salvar alguns cabritos da família. "Tentamos salvar toda a criação, mas acho que alguns animais ficaram para trás", disse Débora Cavalcante, de 21. No quintal da família, um trator também foi parcialmente encoberto. "Está com problema na partida. Se a água subir mais, vai estragar tudo", lamentou Francisco Luís Cavalcante.
O dono de uma cerâmica da cidade, Osmilto Lopes, de 62, colocou quatro caminhões da empresa para retirar os móveis dos desalojados. "Nessa hora todo mundo tem que se solidarizar e ajudar quem precisa. Perder tudo não é fácil", comentou. Ana Lúcia da Silva Antônio, de 52, moradora no Maria Júlia, cobrou mais ajuda do poder público. "Precisava de mais gente ajudando aqui. Depois que a água invade tudo, não adianta vir".
Treze chácaras à beira do Rio Tibagi também foram interditadas, mas alguns moradores se recusavam a sair por medo de furtos. Além da Defesa Civil, a Polícia Militar também atuou na operação, destacando soldados para o socorro das vítimas e prevenção de crimes. O soldado Isael Lourenço, da Patrulha Escolar, informou que a maioria das pessoas não teve dificuldade em deixar as casas. "Apesar de a água ter subido rápido durante a tarde, as pessoas tiveram tempo de deixar suas residências. Apenas auxiliamos alguns casos mais críticos".
O medo da população é que se repita os estragos causados por enchentes anteriores, como as de 1992 e 2008. A prefeitura disponibilizou o Ginásio de Esportes para abrigar as famílias atingidas, mas todas foram alojadas em casas de parentes. Segundo o coordenador da Defesa Civil, a previsão era de mais chuva nos próximos dias. "Segundo as previsões, pode chover entre 30 mm e 100 mm até amanhã (hoje). Vamos torcer para que não chegue nem no mínimo previsto. Do contrário, a situação pode piorar", alertou.
Além da chuva, o aumento da vazão nas usinas hidrelétricas da Copel, que está quatro vezes maior que o normal, também contribuiu para a cheia. Duarte explicou que o recuo do nível do Rio Tibagi depende da vazão da água em duas barragens: a de Mauá, nos Campos Gerais; e de Capivara, na região de Porecatu. "Estamos monitorando a vazão das duas barragens a cada uma hora, além de manter contato direto com eles", garantiu Duarte.
SERVIÇO:
Em caso de emergência, a Defesa Civil orienta a entrar em contato pelo telefone: (43) 3259-1250.
Celso Felizardo
Reportagem Local
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