FOLHA DE LONDRINA
Evidência cristalina de envolvimento de deputados'
Na liminar concedida ontem, o desembargador Luiz Sérgio Neiva de Lima Vieira argumenta que "há cristalina evidência de envolvimento de detentores de foro privilegiado na atividade delitiva ora investigada". Ele cita que Ratinho teria "interferido para a cessação de fiscalização da Receita do Estado na empresa Janbonés", fabricante de bonés em Jandaia do Sul (Norte), cidade onde o secretário nasceu e passou a infância.
A citação de Ratinho foi feita pelo auditor Luiz Antonio de Souza, delator e réu colaborador das investigações do Gaeco. Ele disse que após o início da fiscalização na fábrica, o empresário ligou para Ratinho, que pediu a Abi Antoun, parente distante de Beto Richa e apontado como líder político do esquema na Receita, que interferisse na fiscalização. Abi teria determinado ao então delegado da Receita de Londrina, Márcio de Albuquerque Lima, que pusesse fim à auditoria, o que teria acontecido.
Em nota, o secretário disse que "desconhece o inteiro teor das investigações ou denúncias objeto da chamada Operação Publicano" e que "ele não é parte, acusado ou sequer testemunha em tal procedimento". Sobre a liminar de Vieira, a nota alega que "o desembargador, ao mencionar o deputado Ratinho Junior, apenas fez referência ao que, em tese, teria lhe sido atribuído pelo delator". E completa: "Não há em tal decisão judicial qualquer juízo de valor ou atribuição de responsabilidade ao deputado Ratinho Junior".
AMARAL
Quanto a Tiago Amaral, conforme já noticiou a FOLHA, além de Souza, ele foi citado em depoimento pelo dono de uma revendedora de máquinas agrícolas de Londrina, que afirmou que antes de ser eleito deputado Amaral levou R$ 33 mil em propina para auditores fiscais. O próprio parlamentar, que era advogado, é que teria intermediado a negociação ilícita entre o empresário e os auditores. Depois da propina, créditos tributários de R$ 320 mil teriam sido liberados ao empresário.
Para o relator da liminar, o fato de o empresário também ter citado Amaral "reforça ainda mais a necessidade de apuração dos fatos, até pela evidente imputação de conduta criminosa ao deputado".
Os episódios de pagamento de propina envolvendo a revendedora de máquinas agrícolas foram narrados no processo da Publicano 2 como casos de concussão, em que o empresário é citado como "vítima" dos auditores e Amaral é arrolado como testemunha.
A defesa de Amaral diz que "ele jamais concordou ou entregou qualquer valor". A primeira vez que o nome de Tiago Amaral apareceu no contexto da Publicano foi por sua campanha eleitoral de 2014 ter recebido R$ 8 mil da Masterinvest, empresa de fachada do auditor Luiz Antonio de Souza. O parlamentar nega qualquer irregularidade. (L.C.)
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